A Justiça na Suíça aprovou o envio ao Brasil de extratos bancários relativos ao empresário Walter Faria, dono da Itaipava, fabricante de cerveja e denunciada cooperar com a empreiteira baiana muito corrupta e propineira Odebrecht no financiamento ilegal de campanhas eleitorais no Brasil. Em um processo que durou três anos, a defesa de Faria insistia que a transmissão dos extratos "não tinha qualquer utilidade, já que o processo penal pela qual as autoridades brasileiras tinham solicitado a cooperação judicial da Suíça já havia sido definitivamente julgado". Em um publicado no dia 14 de novembro, o Tribunal Federal da Suíça rejeitou o recurso do empresário brasileiro e, atendendo a um pedido de abril de 2015, autorizou que os dados sejam enviados ao Ministério Público no Paraná. Os extratos se referem a pelo menos duas contas e uma "sub-conta", todas mantidas em bancos na Suíça. Com a informação, os procuradores brasileiros poderão traçar a origem do dinheiro e a quem ele foi entregue. Em diferentes delações de ex-executivos da Odebrecht, o empresário é citado em esquemas de financiamento ilegal de campanha, ao lado da construtora. Walter Faria já confirmou a existência de quatro contas suas na Suíça. O esquema cruzado entre a construtora e a cervejaria implicava em depósitos da Odebrecht no Exterior para a fabricante. No Brasil, era o Grupo Petrópolis, que controla a Itaipava, quem fornecia o dinheiro em reais para que a Odebrecht pudesse bancar de forma ilegal candidatos, em um total que supera a marca de R$ 120 milhões.
Em depoimento à Polícia Federal, Walter Faria chegou a afirmar que usou o programa de repatriação estabelecido pela Receita Federal para regularizar a situação do dinheiro. “Todas as contas foram objeto de repatriação junto à Receita Federal”, disse. Na delação premiada do ex-chefe do Setor de Operações Estruturadas da empreiteira baiana muito corrupta e propineira Odebrecht, Hilberto Mascarenhas da Silva Filho, o esquema de desvio de cerveja do Grupo Petrópolis abasteceu a máquina de pagar propinas, montada pelo sinhozinho baiana propineiro Marcelo Bahia Odebrecht, com R$ 105 milhões de dinheiro vivo, em 2007 e 2008. Era a corrupção e o caixa 2 de políticos e agentes públicos, alvos da Operação Lava Jato. “Eu soube, eles comentaram que era um desvio de quantidade, no medidor. Porque o imposto é gerado em função na quantidade de cerveja que passa em determinado medidor. Então eles criaram, parece, um by pass, para adulterar a quantidade de imposto”, afirmou Hilberto Silva. “Essa venda dessa cerveja, que passava a latere, era vendido, e o dinheiro gerado ia para o caixa 2. Esse caixa 2 era vendido para nós”, explicou o delator. “Segundo me foi dito por Vanuê (Faria, da Petrópolis), em visita à fábrica de Boituba, não me recordo o ano, a disponibilidade de gerar reais em caixa 2 da Itaipava vinha através de uma espécie de burla do medidor de produção de sua (s) fábrica (s), produzindo assim cerveja ‘fria’ sem pagar imposto que era vendida em pequenos bares sem nota, gerando disponibilidade desses recursos".
O empresário corrupto Marcelo Odebrecht também confessou em sua delação que a partir de 2006 o empreiteira passou a ter relações ilícitas de parceria com o Grupo Petrópolis. A parceria rendeu dois momentos de práticas criminosas de fraudes, lavagem de dinheiro e atos contra o sistema financeiro, em que os dois grupos empresariais cruzaram suas estruturas paralelas. A que envolve o "caixa 2 da cevada", em um primeiro momento, de 2006 até 2008. A Odebrecht comprava reais não -contabilizados da cervejaria no Brasil e pagava em dólares, em conta secreta no Exterior – típica operação de dólar-cabo. A segunda fase, a partir de 2010 e até 2014. O Grupo Petrópolis funcionou como uma espécie de "laranja" para a Odebrecht fazer repasses oficiais para campanhas políticas e partidos. A cervejaria fazia doações em seu nome, dentro da cota legal permitida à ela, e recebia da empreiteira por fora, como no acerto de valores das obras das duas fábricas da Itaipava construídas pela construtora.
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