Um dos principais delatores da empresa açougueira bucaneira JBS, o executivo Ricardo Saud, informou à Procuradoria-Geral da República que o dinheiro de caixa dois para o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), escolhido ministro por Jair Bolsonaro (PSL), e para um grupo de outros 18 políticos nas eleições de 2012, teve a finalidade de "manutenção de bom relacionamento com políticos". Outro delator da JBS, Demilton Antônio de Castro, disse que entregou dinheiro para esse grupo de políticos em espécie, em diferentes ocasiões, a pedido de Saud. Uma planilha registra que Onyx recebeu R$ 100 mil em 2012. Naquele ano, contudo, o deputado não concorreu a nenhum cargo eletivo, e por isso não declarou à Justiça Eleitoral ter recebido nenhum dinheiro de campanha eleitoral. Ele era o presidente do DEM no Rio Grande do Sul e apoiou vários candidatos. As afirmações dos delatores confirmam que Onyx também foi acusado por caixa dois em 2012, e não apenas na campanha de 2014. O deputado já confirmou publicamente ter recebido R$ 100 mil em caixa dois em 2014, entregue por um empresário da indústria de couros a pedido da JBS, mas nega ter recebido qualquer quantia em 2012. A JBS diz que entregou R$ 200 mil a Onyx em 2014 e outros R$ 100 mil em 2012.
As informações dos delatores constam de uma manifestação feita ao Supremo Tribunal Federal pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. No documento, que está sob análise do ministro relator dos desdobramentos da Operação Lava Jato no STF, Edson Fachin, a procuradora-geral solicita que seja aberta uma petição autônoma para investigar as informações prestadas pelos delatores sobre Onyx Lorenzoni e outros políticos citados de forma semelhante pelos delatores: Paulo Teixeira (PT-RS); Ciro Nogueira (PP-PI); Renan Calheiros (MDB-AL); o ficha suaja Alceu Moreira, presidente de seu partido no Rio Grande do Sul (MDB-RS); Jerônimo Goergen (PP-RS); Zé Silva (SD-MG); Marcelo Castro (MDB-PI); Wellington Fagundes (PR-MT) e Eduardo Braga (MDB-AM).
Uma petição autônoma significa uma espécie de investigação preliminar, a partir da qual a Procuradoria Geral da República poderá pedir a abertura de um inquérito ou o arquivamento do caso. Onyx Lorenzoni admitiu o caixa dois da JBS em maio de 2017, mas desde então, passados cerca de 18 meses, não houve a abertura de nenhum inquérito sobre o que ele confessou. De acordo com a petição, Ricardo Saud disse, sobre a planilha intitulada "doações de 2012", que "houve entregas de valores em espécie, nas circunstâncias aqui narradas, como finalidade de manutenção de bom relacionamento com políticos", incluindo Onyx Lorenzoni.
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