Comunicados emitidos por médicos especialistas, que não recebem remuneração da Santa Casa de Misericórdia de Uruguaiana há seis meses, anunciam um colapso iminente no atendimento à população da cidade dentro de poucos dias dias. O médico Jonas da Costa Barreira, ortopedista e traumatologista, comunicou por ofício o encerramento de prestação de serviços dele e da sua equipe a partir do próximo dia 1º de dezembro, conforme de verifica na imagem abaixo. A situação também é dramática no Pronto Socorro da Santa Casa. Todos os médicos mandaram um aviso para a Administração, a direção técnica do Pronto Socorro, a Direção Clínica, para a Secretaria de Saúde e para o Ministério Público local, avisando para paralisam suas atividades de atendimentos às áreas amarela e vermelha a partir do dia 5 de dezembro próximo. Os médicos plantonistas avisam sobre as inúmeras dificuldades que estão vivenciando, sem que haja qualquer perspectiva de solução. Eles dizem que não têm mais condições de manter um atendimento adequado para a população. Por exemplo, dizem não haver psiquiatra disponível, mas o serviço de atendimento psiquiátrico permanece ativo no Pronto Socorro. Apontam a falta de cirurgião vascular, mas continuam sendo considerados como serviço de referência em cirurgia vascular e precisam desempenhar este serviço para os pacientes que procuram o local. Também aponta a falta de especialista em Urologia, enquanto são obrigados a atender pacientes com problemas urológicos. Igualmente mostram que não recebem internações clínicas, mas são obrigados a dar atendimento aos pacientes clínicos no Pronto Socorro. Igualmente dizem que já faltaram pediatras em várias oportunidades, assim como também obstetras; e dizem que já tiveram leitos bloqueados na UTI cujos pacientes precisaram ser atendidos no Pronto Socorro. Anunciam que vão ficar sem o atendimento de traumatologia nos próximos dias. E, o mais grave, denunciam que estão há mais de seis meses sem receber salários.
Tudo isto ocorre na Santa Casa, que parece ter uma administração lastimável. O problema é que o Estado e a prefeitura municipal, que é gestora do Sus no âmbito local, lavam as mãos, e quem paga o pato é o povo pobre. A Santa Casa está em crise e não paga nem aos médicos nem aos funcionários. Em março de 2017, a instituição tirou um empréstimo de RS 44 milhões na Caixa Econômica Federal, recursos que deveriam servir para organizar as finanças. Mas, três meses depois, os salários já estavam atrasados de novo. O Pronto Socorro da Santa Casa de Misericórdia de Uruguaiana tem um convênio com a prefeitura, pelo qual recebia RS 250 mil mensais desde o tempo do ex-prefeito Sanchotene Felice. Mas, desde que assumiu o prefeito Ronnie Mello, do PP, ele resolveu colocar em funcionamento uma UPA que estava pronta e fechada. Com isso ele terceirizou, com dispensa de licitação, em benefício da empresa Silvio Scopel , indicada pelo deputado federal Covatti Filho, a qual passou a receber quase 500 mil reais por mês. Dessa forma o convênio com o Pronto Socorro da Santa Casa teve o seu valor rebaixado para 130 mil reais mensais. Isso contribuiu para o agravamento da crise da Santa Casa, mas não explica a desordem atual. A Santa Casa pertence a uma irmandade fechada de 80 a 100 beneméritos, estrutura institucional arcaica, do tempo em que esses sócios colocavam dinheiro do próprio bolso. O prefeito Ronnie Mello (PP) é conhecido também como "Nenê", alcunha pela qual é referido na famigerada planilha da empreiteira baiana muito corrupta e propineira Odebrecht.
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