A Cielo, controlada por Bradesco e Banco do Brasil, confirmou, na manhã de sexta-feira, 26, a nomeação de Paulo Caffarelli, presidente do Banco do Brasil, para comandar a adquirente a partir do dia 05 de novembro. Seu nome, de acordo com fato relevante enviado ao mercado, foi aprovado por unanimidade pelo conselho de administração da companhia. A posse efetiva do executivo depende de homologação por parte do Banco Central. Mais cedo, o Banco do Brasil anunciou a renúncia do executivo do comando da instituição e sua substituição por Marcelo Augusto Dutra Labuto, atual vice-presidente de Negócios de Varejo do banco. Marcelo Labuto, de 47 anos, funcionário de carreira do BBI desde 1992, também é presidente do conselho de administração da BB Seguridades Participações. A Cielo ficou por mais de dois meses sem comando. Eduardo Gouveia alegou questões de foro pessoal e familiar para deixar em agosto a adquirente, após um ano e meio no cargo. Com a chegada de Caffarelli, a Cielo terá mais um novo presidente em menos de dois anos.
No BB, Caffarelli acumula mais de 30 anos como funcionário da instituição, tendo passado por cargos de Vice-Presidente de Cartões e Novos Negócios de Varejo, Vice-Presidente de Negócios de Atacado, Negócios Internacionais e Private Banking. No setor de meios de pagamentos, Caffarelli ocupou a presidência da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (Abecs) entre os anos de 2009 a 2012, como um dos interlocutores com o Banco Central para o desenvolvimento da autorregulação do setor. Foi, ainda, presidente do conselho de administração da Cielo. Em outros setores, atuou como membro do conselho da Vale, em duas ocasiões, e outras empresas do BB nas áreas de gestão de recursos, previdência, capitalização e também o Banco Votorantim. Com o ataque de outros adquirentes como PagSeguro, do Uol, GetNet, do Santander, e Stone, que estreou na quinta-feira, 25, na Nasdaq, a companhia teve seus resultados e volumes impactados. Pela primeira vez desde que abriu seu capital, em 2009, a Cielo verá seu lucro líquido encolher neste ano, conforme projeções de analistas. A adquirente deve ver seu lucro líquido pelo critério IFRS encolher 20,5% de julho a setembro, totalizando R$ 844 milhões.
A leitura do mercado é a de que a Cielo demorou a reagir à competição que aumentou sobremaneira nos últimos anos com novos entrantes, em linha com o desejo do Banco Central de aumentar a concorrência no mercado de meios de pagamentos eletrônicos. Dentre seus erros estão a manutenção de preços mais altos do que aqueles cobrados pelos novatos e ainda a ausência de uma oferta de produtos e serviços mais assertiva e simples para o lojista. Como consequência da concorrência, mais agressiva, inclusive, do que em 2010, quando o mercado de adquirência no Brasil foi aberto para novos players, o market share da Cielo caiu para 45%, considerando seis adquirentes que abrem publicamente seus resultados. Era de 53% há dois anos. Seu parque de maquininhas (POS), que além do aumento da concorrência também foi impactado pela recessão no País que aumentou a mortalidade de lojistas, está em 1,6 milhão de terminais, ao passo que já chegou a ser de mais de 2 milhões, na mesma base de comparação.
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