segunda-feira, 29 de outubro de 2018

O barão do aço Jorge Gerdau Johannpeter foi praticamente escorraçado da política


O barão do aço Jorge Gerdau Johannpeter, que imperou durante quase meio século como representante do setor empresarial junto ao mundo político e governamental, está, pela primeira vez, fora da cena política. Sua participação foi mais ativa até 2014. Até esse momento tinha gabinete no Palácio do Planalto e durante quase uma década foi membro do Conselho de Administração da Petrobras. Foi um cordato prestador de serviço para o regime mais corrupto que já assumiu o poder no Brasil, o da organização criminosa petista. Durante esse regime de bandidagem, contribuiu com sua aprovação a um dos atos mais criminosos, a compra da lata velha da refinaria de Pasadena pela Petrobras, o que aconteceu apenas para gerar propina. Mais do que isso, viu seu grupo empresarial ser envolvido em operação policial, no caso da Operação Zelotes. Aos 81 anos, Gerdau reduziu sua exposição e tem ficado recluso em casa, em Porto Alegre. A nova postura reflete um pedido da família e da empresa, que foi citada, em 2015, na Operação Zelotes, que investiga sonegação fiscal. Atualmente se recuperando de uma cirurgia no joelho, Gerdau mantém a rotina de ir à sede da holding, na Avenida Farrapos, em Porto Alegre. Sua última aparição pública foi em agosto, quando recebeu uma homenagem do Instituto Aço Brasil, entidade da qual seu conglomerado, que fatura cerca de R$ 37 bilhões, é o maior representante. A interlocutores, o empresário se ressente da ausência da elite empresarial nas discussões sobre as mudanças políticas que o Brasil passa. Embora ele não se manifeste publicamente, o Movimento Brasil Competitivo (MBC), associação criada por Gerdau em 2001, para aproximar os setores público e privado, ainda se posiciona politicamente.

Alçado ao comando do negócio da família em 1983, Jorge Gerdau Johannpeter foi responsável pelo movimento de internacionalização da companhia, onde começou a trabalhar aos 14 anos. A Gerdau foi fundada pelo bisavô do empresário, em 1901, como uma fábrica de pregos.


Antes de se tornar um dos principais líderes empresariais do País, ele já se embrenhava na política. Nos anos 1970, aos 37 anos, ajudou a eleger o emedebista gaúcho Paulo Brossard, ao Senado. Emprestou ao candidato uma caminhonete Veraneio e teve de explicar ao governo militar o flerte com um partido de oposição. Após um período de atuação mais discreta, nos anos 1980, Gerdau foi uma das principais vozes pela defesa da indústria na época da abertura econômica do País, no governo Collor. A Gerdau foi uma das principais beneficiárias do processo de privatização de siderúrgicas, arrematando boa parte das subsidiárias da estatal Siderbrás. Nessa década de 80 ele fundou no Rio Grande do Sul, em associação com os empresários chineses do grupo Olvebra, o Instituto de Estudos Empresariais, destinado a ensinar os filhos dos empresários a teoria política do liberalismo. Mas, ele próprio, foi sempre um fiel seguidor da intervenção do Estado na economia, do capitalismo paraestatal. Seus negócios só prosperaram devido à esta intimidade com o poder. E não vacilou em se vincular estreitamente com os comuno-petistas. 

A relação com o poder continuou próxima nos governos seguintes, de Fernando Henrique Cardoso e Lula. Chegou a ser cotado como Ministro da Fazenda e do Planejamento do petista. Já a ligação com Dilma se estendeu entre 2011 e 2014, mas começou a azedar em 2013, quando passou a fazer críticas à então presidente. Em 2015, o grupo foi citado na Operação Zelotes. André Gerdau, filho que sucedeu Jorge Gerdau na presidência do grupo em 2007, chegou a prestar depoimento à Polícia Federal. O processo contra ex-executivos do grupo, que ainda está na primeira instância. 



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