terça-feira, 16 de outubro de 2018

Henrique Prata, diretor do Hospital do Câncer de Barretos, diz que só metade dos hospitais do Brasil tem gestão honesta

Na lista de nomes avaliados pela equipe do candidato Jair Bolsonaro (PSL) para ocupar o cargo de ministro da Saúde, o pecuarista e presidente do Hospital de Amor (novo nome do Hospital de Câncer de Barretos), faz críticas ao que chama de "diretrizes politiqueiras" e "pouco assistencialistas" da pasta e diz que hoje só metade dos hospitais hoje "têm gestão honesta".  "As diretrizes do ministério são muito politiqueiras. Cada partido inventa uma coisa, uma bandeira. E aí preferência por uma assistência à saúde básica. Saúde básica custa um cacho de banana, é barato demais. Saúde sou eu que tenho alta complexidade, que tenho hospital de câncer, que é altíssimo custo. A diferença é muito grande. A diretriz do ministério sempre foi política, não é assistencialista", afirmou ele na última semana. Prata disse ter encontrado com Bolsonaro em agosto, durante a Festa do Peão de Barretos. "O fato de o meu nome estar sendo indicado é uma coerência pela visão que eu tenho do que precisa ser feito na saúde", afirmou. O nome de Prata começou a circular na semana passada. Nesta segunda-feira (15), no entanto, Bolsonaro negou em entrevista à Rádio Jornal, de Barretos, que tenha convidado o pecuarista para ocupar o ministério.

Filho de médicos, Prata se tornou pecuarista e fazendeiro por influência do avô. Em 1989, no entanto, acabou por assumir o hospital criado pelos pais, na época chamado de Hospital São Judas de Barretos. Hoje, o local é considerado referência no tratamento de câncer, com 6.000 pacientes atendidos por dia e unidades em ao menos outras oito cidades. Para Prata, que também atua na administração da Santa Casa de Misericórdia de Barretos e mantém uma Faculdade de Medicina particular, "o jogo hoje é desonesto para o paciente do SUS". "O triste da história é que o paciente do SUS só é atendido dignamente se ele paga a diferença. Em poucos hospitais, talvez em metade, possa ter gestão honesta. Em pelo menos metade sei que não é honesta", afirma ele, para quem um dos problemas é o baixo valor pago pelo SUS pelos serviços. "Esse pagar muito mal interessa aos médicos de medicina privada. É 'Olha, o SUS não paga nada, como eu te atendo? Tem que pagar a diferença'". Ele critica a possibilidade de alguns hospitais manterem médicos em plantão à distância: "Se o Bolsonaro tivesse chegado na Santa Casa e não tivesse uma pessoa para atender ele na hora, ele estava morto".  

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