terça-feira, 16 de outubro de 2018

Brum Torres, o Caçapava, resolve finalmente sair do MDB no Rio Grande do Sul

O MDB do Rio Grande do Sul é um deserto de inteligência, e agora perdeu o que talvez fosse seu único "intelectual". João Carlos Brum Torres, o Caçapava, pediu desfiliação do partido. Ele foi presidente da antiga Fundação Ulysses Guimarães, hoje controlada por Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil e denunciado no "Quadrilhão do MDB" pela Procuradoria Geral da República. Por duas vezes foi secretário do Planejamento do governo gaúcho, em administrações emedebistas. Suas passagens por este cargo foram absolutamente inúteis, porque o MDB do Rio Grande do Sul, que está no quinto governo do partido desde a redemocratização do País, jamais teve programa de desenvolvimento para o Estado. Sempre manteve políticas fiscalistas sob o comando de fiscais do ICMS. Esses são os verdadeiros autores de "política econômico-financeira" do MDB, ou seja, política nenhuma. Agora, com o Estado afundado em uma violenta crise financeira, arrecadando muito menos do que gasta, o partido ainda quer se encaminhar para o sexto mandato. Para quê?  Nas vezes em que ficou na titularidade da Secretaria de Planejamento do Rio Grande do Sul, João Carlos Brum Torres se notabilizou pela contratação de consultorias que premiavam as "inteligências" do PMDB com generosos pagamentos em troca de nenhum resultado prático. João Carlos Brum Torres, o Caçapava, é formado em Direito e Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre em Filosofia pela Universidade de Paris VIII e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Atuou como professor titular no Departamento de Filosofia da UFRGS. É autor de "Valor e forma do valor" (Ed. Símbolo, 1979) e de "Figuras do Estado Moderno" (Ed. Brasiliense, 1989). .No final da década de 60 ele participou de um seminário no Curso de Filosofia da UFRGS, em que três "intelectuais" debatiam o papel do homem na história, sob a ótica de três filósofos: Hegel, Merleau Ponty e Althusser. O filósofo Gerd Bornheim (depois cassado e expulso da universidade, tendo sido obrigado a passar um longo tempo como exilado em Paris, onde chegou a trabalhar inclusive como porteiro de hotel) conduzia o curso pela ótica do pensamento de Hegel; Caçapava procurava responder as perguntas propostas pela ótica do filósofo existencialista francês Merleau Ponty, e o comuno-trotskista Marco Aurélio Garcia tratava do tema do seminário pela ótica do pensamento do teórico comunista francês Louis Althusser. O seminário era aberto e frequentado inclusive por muitos estudantes secundaristas, Ultimamente, João Carlos Brum Torres vinha se chocando com o governo do ex-comunista e atualmente um muito pragmático emedebista José Ivo Sartori (também ex-seminarista). Caçapava ficou desgostoso com a extinção da Fundação de Economia e Estatística, a FEE, uma inutilidade pela qual se aposentou a mulher sapiens Dilma Rousseff. "Intelectuais" gaúchos gostam de viver das aparências. Marco Aurélio Garcia, por exemplo, gostava de exibir anotações em guardanapo de bar-restaurante com rabiscos que supostamente tinham sido feitos por Louis Althusser. E a mulher dele, Elisabeth Souza Lobo, dava cursinhos de preparação teórica para militantes iniciantes no POC (Partido Operário Comunista) pelo livro "Fundamentos do Marxismo", da comunista chilena Marta Hanecker. Uma porcaria de livro esquemático, manualzinho vagabundo, indigno de qualquer pensador. João Carlos Brum Torres sempre demonstrou uma admiração especial pelo comuno-petista Tarso Genro, um stalinista tido como "pensador moderno" por parte dos acadêmicos gaúchos. E chegou a conseguir uma autorização especial do então PMDB para trabalhar na gestão do PT na prefeitura de Porto Alegre. Uma suprema inutilidade. No início do governo de Germano Rigotto no Palácio Piratini, ele redigiu um documento e o levou para o congresso do PMDB em Tramandaí, no qual propunha que o partido liberasse geral os seus militantes para qualquer coligação, incluindo o PT, na eleição de 2004 para a prefeitura de Porto Alegre. Na verdade, o cenário já estava montado: o comuno-trotskista Miguel Rossetto, da DS (Democracia Socialista, grupelho trotskista que se abriga no PT) seria o candidato à prefeitura da capital gaúcha, tendo um peemedebista como candidato a vice-prefeito. O documento da Fundação Ulysses Guimarães foi descoberto e discutido previamente pelo grupo de apoio do então vereador Sebastião Melo, onde foi chamado diretamente de "capitulação" e "traição do partido" diante do petismo, até ali inimigo figadal dos peemedebistas gaúchos. A reunião tinha a presença de cerca de 50 pessoas, em um edifício de escritórios na Avenida Praia de Belas, que tem uma agência do Banco do Brasil no térreo. Da discussão resultou a elaboração de um panfleto, redigido por um jornalista que fazia parte do grupo, ocupando face e reverso de uma folha A4, com o título "O rei está nú". Este panfleto foi distribuído aos participantes do Congresso de Tramandaí. O resultado foi que o então governador Germano Rigotto falou muito rapidamente na abertura do congresso dos peemedebistas gaúchos e saiu apressado, dirigindo-se de helicóptero a Vacaria, para a abertura do Rodeio Internacional da cidade. João Carlos Brum Torres, o Caçapava, falou a seguir, sendo muito vaiado, e retirou de discussão a proposição do seu documento. O congresso dos peemedebistas gaúchos terminou aprovando outro documento, no qual era prevista a possibilidade de qualquer coligação, menos com o PT. O documento foi enviado para a imprensa nacional. Na segunda-feira, o então poderoso primeiro ministro petista, José Dirceu, chefe da Casa Civil da Presidência da República, ligou irritado para o governador Germano Rigotto, cobrando que ele desmentisse os termos da "Carta de Tramandaí". Rigotto convocou uma coletiva de imprensa e tentou dizer que aquele documento não era oficial, que não tinha sido aprovado. O certo é que o PMDB gaúcho não se coligou com o PT na eleição de 2004, e nunca mais depois disso. Mas, se dependesse de João Carlos Brum Torres, o emedebismo gaúcho teria se tornado caudatário do petismo, assim como também desejava (sempre desejou) o velho cacique Pedro Simon. Isso nunca aconteceu porque as bases partidárias se insurgiram. 

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