sábado, 20 de outubro de 2018

Arábia Saudita confirma que jornalista foi morto no consulado em Istambul

A Arábia Saudita confirmou nesta sexta-feira, 19, que o jornalista Jamal Khashoggi foi morto durante uma briga no consulado em Istambul. A informação foi anunciada pela Procuradoria Pública em Riad, na TV. O jornalista, um duro crítico do regime saudita que se exilou nos EUA em 2017, estava desaparecido desde o dia 2, depois de ter entrado na representação para buscar papéis para seu casamento. O desaparecimento provocou condenações internacionais e estremeceu as relações entre a Arábia Saudita e o Ocidente. De acordo com o comunicado lido na TV estatal, 18 sauditas foram presos e estão sendo investigados por conexão com o caso. Nenhum deles foi identificado. No comunicado, o promotor público do reino disse que uma investigação descobriu que surgiu uma discussão entre Khashoggi e homens que o encontraram no consulado saudita em Istambul, levando a uma "briga que terminou com sua morte". "As discussões entre Jamal Khashoggi e aqueles com quem ele se reuniu no consulado do reino em Istambul degeneraram para uma briga corporal, levando à sua morte", reportou a Agência de Notícias saudita (SPA), citando a Procuradoria. Foi informado ainda que o conselheiro da corte real, Saud al-Qahtani, e o vice-diretor de Inteligência, o general Ahmed al-Assiri, foram destituídos de suas posições, além de outros três oficiais do reino. Assiri é um conselheiro próximo do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. A TV questiona que ainda há muitas questões a serem respondidas, por exemplo, como ele morreu e exatamente onde está o corpo. 
O jornal francês Le Figaro informou nesta sexta-feira que a família real saudita estaria considerando substituir o príncipe Salman como herdeiro do trono. No entanto, de acordo com a Agência de Notícias Saudita (SPA), o rei Salman ordenou a reestruturação do serviço de inteligência e a formação de um comitê, sob o comando do príncipe herdeiro, que supervisionará a mudança. A agência acrescentou que o rei ordenou a atualização das regulamentações da agência, o alcance de seus poderes, além de uma avaliação de seus métodos e procedimentos. O anúncio marca a primeira vez que oficiais sauditas reconhecem que Kashoggi foi morto dentro do consulado. Desde seu desaparecimento, oficiais sauditas repetiam que ele havia deixado o consulado vivo e eles não tinham informação sobre o que teria acontecido a ele. Mais cedo nesta sexta-feira, a polícia turca realizou buscas em uma floresta nos arredores de Istambul e nas proximidades de Yalova, cidade com costa no Mar de Mármara, em busca de restos mortais do jornalista. Autoridades turcas disseram que Khashoggi foi morto e esquartejado dentro do consulado por uma equipe de 15 agentes sauditas que haviam chegado para encontrá-lo. Além das buscas pelos restos, os investigadores também retiraram amostras durante as revistas no consulado saudita e na residência do cônsul e tentarão analisá-las em busca de traços do DNA de Khashoggi, disseram funcionários de alto escalão da Turquia. A van com registro do consulado que aparece nas gravações também foi examinada para se confirmar se o corpo do jornalista foi transportado nela. Autoridades ampliaram o foco geográfico da busca após o rastreamento das rotas e paradas realizadas pelos carros que saíram do consulado saudita e da casa do cônsul em 2 de outubro, o dia em que Khashoggi foi visto pela última vez. Seus assassinos podem ter despejado seu corpo desmembrado na Floresta de Belgrado, adjacente a Istambul, ou em uma localidade rural próxima à cidade de Yalova, disseram os funcionários. Imagens de câmeras de segurança no dia do desaparecimento mostraram que ao menos um veículo com placa diplomática entrou na floresta após sair do consulado, informou o canal NTV.

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