Assine Vitor Vieira Jornalismo

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Médico Paulo Argolo Mendes paga consultoria paulista com remuneração secreta há dois anos no Simers e a história de um desfalque de dois milhões de reais bem escondida, para evitar "desastre político"

O eterno presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers), Paulo Argolo Mendes, mantém há dois anos um contrato com a empresa GCN (Gestão Consultiva de Negócios Executivos Associados. Essa consultoria, comandada pelo paulista Luis Oliveira, que se gaba de morar em Miami, é remunerada mensalmente por 30 mil reais, e mais um pagamento extra o qual é mantido em segredo, o que é previsto em cláusula contratual ("... parte variável..... a ser estabelecida por ambas as partes"). É um completo enigma o quanto representa essa complementação extra variável. Ninguém conhece os resultados da consultoria desenvolvida pela Gestão Consultiva de Negócios Executivos Associados e de trabalho no Simers. Conforme o termo de compromisso apresentado pela empresa para o sindicato dos médicos, o escopo do contrato, conforme termo de acordo datado de 11 de julho de 2016, apontando a cidade paulista de Barueri como sede da consultoria, Luis Oliveira apresenta o rol de atividades a serem desenvolvidas por sua empresa no Simers, que é o seguinte: ".... revisão dos processos incluindo validação, sugestões de melhoria e implentação para os seguintes processos: a) operacionais; b) administrativos, incluindo gestão de pessoas; c) financeiros: d) logísticos; e) revisão geral de custos - análise da estrutura, propostas de redução e aumento de eficiência; elaboração de um plano diretor de médio e longo prazo; relatórios gerenciais; elaboração de estrutura de indicadores estratégicos; gerencimaneto da implementação das medidas de curto prazo acordadas para os itens acima". Logo na primeira página desta carta de intenção há um "De acordo", ou seja, com a aceitação dos termos da carta compromisso, e rubricas das partes participantes do acordo, sendo uma delas a de Paulo Argolo Mendes. Dessa forma foi sacramentado o negócio "obscuro", sobre o qual ninguém tem qualquer informação mais objetiva. Esse é mais um exemplo dos negócios obscuros comandados pelo presidente do Simers, Paulo Argolo Mendes, o qual se nega a entregar para a oposição as contas detalhadas de sua gestão nos últimos três anos, apesar de decisão judicial nesse sentido. Ele tem motivos, ao que aparenta, para continuar escondendo essas contas. 

O consultor Luis Oliveira, fazendo auditoria no Simers, descobriu que sistematicamente tinha ocorrido um desfalque que começou em julho de 2015, e que ocorreu até o final de 2017. O esquema funcionava assim: o Simers encaminhava para a agência lotéria Oficina da Sorte Loterias Ltda, CNPJ 06.927.183/0001-71, localizada na Avenida Protásio Alves, um valor para ser debitado o pagamento do fundo de garantia, INSS e demais encargos legais da secretárias dos médicos que fazem a contabilidade no Simers. São centenas de médicos do Rio Grande do Sul que utilizam esse serviço fornecido pelo Simers. O valor era encaminhado para a agência lotérica via TED. Quem fazia o rol desses encargos a serem pagos na lotérica era o setor de contabilidade do Simers. Esse setor encaminhava as guias para serem quitadas na agência loterica. Mas, o valor total das guias quitadas era inferior ao valor transferido via TED. Essa diferença a maior era devolvida pela lotérica em "cash", em espécie, por meio de um motoboy. Ele entregava o dinheiro no Simers não se sabe para quem. Não era feita a conciliação dessa diferença. Isso durou do final de 2015 até o final de 2017, e somou mais de 2 milhões de reais de desfalque. Esse rombo não aparece nos demonstrativos financeiros do Simers. O mais inacreditável, é que esses demonstrativos receberam a aprovação do Conselho fiscal e da auditoria independente que chancela as contas do sindicato. Agora começa a ficar compreensível porque o presidente Paulo Argolo Mendes, todos os anos, arma um simulacro de assembléia de prestação de contas e aprovação das mesmas, sem qualquer discussão, com a desculpa de que é preciso passar para o salão do hotel luxuoso onde a solenidade ocorre, porque o jantar já começa a ser servido. Ocorreu assim nos dois últimos anos, sendo cassada a palavra de médicos que queriam falar e interrogar sobre o estado das contas. Na última desses solenidades, o apresentador foi o jornalista Tulio Milman, da Zero Hora, contratado por 15 mil reais só para apresentar o Power Point das contas. No ano anterior tinha sido o jornalista Ricardo Boechat, da Band de São Paulo, certamente contratado por um valor muito maior, mas desconhecido de todos os associados. O consultor Luis Oliveira descobriu o golpe e avisou o presidente Paulo Argolo Mendes, o qual não quis abrir sindicância para investigar o fato e suas responsabilidades porque considerou que isso seria um "desastre político" para sua gestão. Assim, as contas apresentadas pela gestão foram mascaradas. Onde estão os 2 milhões de reais desviados do Simers, das obrigações fiscais das secretárias dos médicos? Ninguém sabe, porque Paulo Argolo Mendes não abre as contas para ninguém. Por que ele não mandou investigar o fato descoberto pelo consultor Luis Oliveira? Isso também é outro mistério. Ele mandou demitir sob completo sigilo o funcionário Carlos Elcidio, que era o contador do sindicato na época dos fatos. Ninguém no sindicato (a não ser sete pessoas, incluindo o próprio presidente Argolo Mendes) ficou sabendo dos motivos da demissão do contador. Para todos os efeitos, foi ele quem pediu para sair do sindicato. Por que um funcionário com mais de 18 anos ano emprego pediria demissão repentinamente? Por que Argolo Mendes permitiu que Carlos Elcidio tivesse mascarada a sua demissão com um auto-pedido de demissão? Nenhum empregador consciente e cioso de suas obrigações no cargo permitiria que o suposto responsável por um desfalque monumental e continuado nas contas da instituição saisse pela porta da frente lampeiro como se nada tivesse acontecido; normalmente, o administrador cioso abriria uma sindicância, promoveria uma auditoria, e demitiria o funcionário responsável pelo desfalque por justa causa. O suposto responsável por desfalcar o sindicato ainda levou um prêmio de saída do emprego. 

Para que os médicos do Rio Grande do Sul tenham uma exata noção do tamanho dessas operações financeiras, objeto dos desfalques reiterados que ocorreram por mais de dois anos durante esta última gestão de Paulo Argolo Mendes, basta que se verifique os ofícios do Simers, expedidos no dia 3 de novembro de 2016, os quais contêm ordens de realização de operações de pagamento (débitos) para a lotérica Oficina da Sorte Loterias Ltda. O primeiro dos oficios é referente a "Débito em Conta do INSS Domésticas". "Domésticas" são as secretárias e empregadas de limpeza de consultórios de médicos, e também das residências desses profissionais, que entregam a feitura de suas contabilidades para o sindicato. Somente esse ofício (uma comunicação de uma TED - Transferência Eletrônica Disponível) é no valor de R$ 534.950,75 (quinhentos e trinta e quatro mil e novecentos e cinquenta reais e setenta e cinco centavos). O segundo ofício trata da comunicação de "Solicitação de TED", no valor de 45 mil reais, da conta do Simers no Banco Bradescok para conta n 2216-0, da Caixa Econômica Federal, na agência 0435. A terceira soliciatação de TED é para a transferência de 60 mil reais da conta do Simers no Banco Real para transferência para a Caixa Economica Federal, na agencia 0435, conta nº 2216-0. O quarto TED é para transferência de 840 mil reais da conta do Simers no Banco do Brasil para depósito na Caixa Econômica Federal, agencia 0435, conta nº 2216-0. O quinto TED tem a finalidade de transferir do Banco Unicred para a Caixa Econômica Federal, em nome do Sindicato Médico, o valor de 500 mil reais. O sexto tem o valor de R$ 172.550,70 centavos,para pagamento de FGTS das secretárias dos médicos. Somando isso tudo, em um único dia, alcança-se o valor de R$ 2.150.502,45 (dois milhões e cento e cinquenta e dois mil e quinhentos e dois reais e quarenta e cinco centavos). É muito dinheiro. Isso foi em apenas um mês, mas a operação se repetiu durante cerca de dois anos, todos os meses. Os cheques e as ordens de transferência eletrônica foram assinados pelas mesmas duas pessoas, o diretor financeiro, médico André Borba Gonzales, desde sempre parceiro de gestão de Paulo Argolo Mendes, e a eterna vice-presidente, a médica Maria Rita Sabo de Assis Brasil, uma militante de alto nível do PSOL. 


As autoridades devem examinar a responsabilidade na consecução do desfalque continuado deste dois médicos, André Borba Gonzales e Maria Rita Sabo de Assis Brasil, porque ambos tinham a obrigação indeclinável de conferir a planilha contendo os lançamentos a serem pagos, e observar o montante total, que deveria ser absolutamente igual ao valor dos cheques e das ordens de transferência, para que ficasse impossibilitada a chance de devolução de valor da lotérica para o sindicato. Da mesma forma assim deveriam ter agido os membros do Conselho Fiscal do Simers. Mas, tudo isto ficou mantido em segredo, de conhecimento apenas por um restrito grupo de sete pessoas, para evitar um "desastre político". No grupo das sete pessoas encontram-se, além do presidente Paulo Argolo Mendes, a médica Maria Rita, o consultor Luis Oliveira, um funcionário de confiança do Simers, um advogado criminalista famoso de Porto Alegre e outras duas pessoas. Os documentos conhecidos não deixam dúvidas e são de conhecimento de autoridades públicas estaduais e federais. . 

Nenhum comentário: