A família do terrorista Dimas Antônio Casemiro recebeu os restos mortais do militante, na quinta-feira (30), quase 50 anos depois de ele ter sido torturado e morto pela ditadura militar, em 1971. Uma cerimônia ao som de Chico Buarque foi preparada em Votuporanga, cidade do interior do estado de São Paulo onde Dimas nasceu.
Além de ser uma despedida importante para a família, o velório e enterro dos restos mortais do militante do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT) foi feito justamente no Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados.
A ossada de Dimas, morto na capital paulista aos 25 anos, foi encontrada em 1990 em uma vala clandestina no cemitério Dom Bosco, em São Paulo (SP). No entanto, apenas em fevereiro deste ano o material foi identificado por um laboratório da Bósnia. Segundo a Comissão Nacional da Verdade, Dimas foi preso e morto depois de dois dias de tortura pelas forças de repressão. No Brasil, são 243 desaparecidos políticos no período da ditadura militar, de acordo com um levantamento da comissão. O trabalho continua pra identificar a ossada de mais 40 desaparecidos que estariam na mesma vala onde Dimas foi enterrado.
Dimas era militante do grupo terrorista VAR-Palmares o mesmo da mulher sapiens petista Dilma Rousseff e foi também dirigente do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT). Ele foi morto aos 25 anos de idade depois de dias preso e apresentando sinais de tortura. Dimas era casado com Maria Helena Zanini, com quem teve o filho Fabiano César. Seu irmão, Dênis Casemiro, foi sequestrado e morto pela ditadura quando tinha 28 anos. Os irmãos Casemiro eram de Votuporanga, no Interior de São Paulo. Segundo um documento da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos, do governo federal, antes da militância, Dimas foi corretor de seguros, vendedor de carros e tipógrafo. Documentos dos órgãos de segurança acusam Dimas de ter participado de operações armadas, inclusive a que matou o industrial Henning Albert Boilesen, presidente da Ultragás, em 1971, em São Paulo.
O Grupo de Trabalhos de Perus recebeu as amostras após as ossadas passarem por duas universidades. O GTP começou os trabalhos após uma cooperação firmada entre as secretarias de Direitos Humanos dos governos federal e municipal, junto com a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, e a Unifesp. O grupo analisa 1.047 caixas com ossadas retiradas de Perus. Em setembro de 2017, as ossadas foram enviadas para o International Commission on Missing Persons (ICMP), laboratório bósnio escolhido porque tem experiência com a análise de mais de 20 mil casos de identificação humana no conflito da ex-Iugoslávia. Na ocasião, foram enviados fragmentos de ossos, dentes e amostras de sangue de familiares referentes a 100 indivíduos que mais se enquadram nas características dos 41 desaparecidos políticos. Acredita-se que, além de mortos pela ditadura, entre as ossadas encontradas na vala de Perus também há pessoas mortas em chacinas e por grupos de extermínio, que depois esconderam os corpos. O grupo de trabalho é composto por peritos oficiais, professores universitários e por consultores nacionais e estrangeiros. Segundo o coordenador Samuel, "compondo uma equipe multidisciplinar nas áreas de medicina legal, antropologia forense, genética forense, odontologia legal, arqueologia, biologia e história".
Foto de setembro de 1990 mostra funcionário colocando em sacos plásticos cerca de 1.500 ossadas encontradas em uma vala do cemitério Dom Bosco em Perus, zona oeste da capital. |
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