segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Violenta turbulência financeira na Turquia faz a Argentina aumentar a taxa de juros para estratrosféricos 45%

O Banco Central da República da Argentina decidiu elevar a taxa básica de juros da economia de 40% para 45% ao ano nesta segunda-feira, 13. A decisão reflete uma nova tentativa da autoridade monetária argentina de conter a disparada do dólar ante o peso argentino. Por volta das 13 horas, quando a decisão foi anunciada, o dólar valia 30,152 pesos, em alta de 3,18%, acumulando uma alta de mais de 10% apenas neste mês. No ano, essa desvalorização do peso já ultrapassa os 60%. "Em resposta à conjuntura externa atual e ao risco de um novo impacto sobre a inflação doméstica, o Comitê de Política Monetária do Banco Central da Argentina decidiu, por unanimidade, se reunir fora do cronograma pré-estabelecido e aumentar a taxa de juros para 45%", afirmou a instituição em comunicado. Além disso, o Banco Central apontou que, para garantir que as condições monetárias mantenham o viés de aperto, "nos comprometemos a não diminuir o novo nível da taxa de juros até, pelo menos, outubro". O movimento da autoridade monetária da Argentina vem em meio à crise turca, que preocupa investidores em todo o mundo. Com maior aversão a risco, os investimentos tendem a migrar para ativos considerados mais seguros, como o dólar, desvalorizando as moedas dos países emergentes.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, se posicionou duramente contra o que ele vê como ameaças estrangeiras e a "facada nas costas" dos Estados Unidos, após o governo de Donald Trump ter anunciado tarifas ao aço e ao alumínio turcos. O banco central da Turquia agiu para tentar acalmar os mercados e a lira reduziu perdas, enquanto a Bolsa de Istambul proibiu as vendas a descoberto, o que diminuiu a pressão sobre os ativos locais. Mesmo assim, as vulnerabilidades econômicas e financeiras da Turquia seguem no radar, em um quadro de alta inflação. Pesa ainda a tensão entre o país e os Estados Unidos a respeito da libertação do pastor americano Andrew Brunson, em prisão domiciliar na Turquia sob acusação de suposto envolvimento com terrorismo. Rumores sobre a eventual liberação de Brunson chegaram a ajudar os mercados no meio da manhã, mas a notícia não foi confirmada. 

Entre 27 de abril e 3 de maio, o Banco Central aumentou a taxa básica de juros de 27,5% para 40% na Argentina. Ao todo, foram três anúncios de alta em um intervalo de oito dias, todos pegando os investidores de surpresa. O Banco Central argentino vinha perdendo credibilidade desde o fim de dezembro, quando a equipe econômica de Macri anunciou que deixaria de perseguir uma inflação ao redor de 10% e passaria a ter 15% como meta, em uma tentativa de aumentar o ritmo de crescimento da economia. A avaliação de que os déficits das conta pública e das contas externas continuam altos é foi um dos principais fatores para alta do peso ante o dólar.

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