Uma boate de alto padrão, um bar recheado de bebidas importadas, com lindas mulheres, muitas das quais dizem ser capa de revista e sobem ao palco para tirar a roupa e animar homens dispostos a desembolsar R$ 150,00 para entrar na casa. O Apple's Night Club, que se apresenta dessa forma, foi escolhido por um grupo de vereadores de Guarujá, cidade do litoral paulista, para despesas com verba oficial durante uma viagem a Brasília. Foram gastos R$ 440,00 naquele 14 de abril de 2015, uma terça-feira. Mas nenhum dos vereadores assumiu a dianteira da conta na hora do reembolso das despesas. Eles preferiram atribuir os gastos à comissão na qual faziam parte na época, a de "assuntos relevantes", que buscava, entre outras atribuições, recolhimento de impostos referentes à movimentação de navios na região.
Esse tipo de uso de dinheiro público chamou a atenção do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Na terça-feira (31), a corte julgou as contas referentes ao ano de 2015 da Câmara Municipal de Guarujá e, além de apontar irregularidade nos gastos dos vereadores na casa noturna, encontrou outros problemas na gestão das finanças do órgão. Em relação ao uso da verba oficial na boate em Brasília, a avaliação do TCE-SP foi de que não ficou "evidenciada a finalidade pública das despesas, sendo tais gastos ilegítimos e passíveis de devolução". O tribunal também afirmou que "os gastos foram descritos de forma genérica", não sendo possível saber se os vereadores utilizaram a verba para a entrada, para algum show, para drinks ou comida. A Câmara afirma que não houve ilegalidade e que eles estiveram no local para se alimentar. Dos cinco vereadores que faziam parte da Comissão de Assuntos Relevantes da Câmara de Guarujá, três participaram das despesas na casa noturna de Brasília: Mário Lúcio da Conceição (DEM), Walter dos Santos (PSB) e Givaldo do Açougue (PSD). Já Gilberto Benzi (PR) e Luciano de Moraes Rocha, conhecido como Tody (MDB), não viajaram.
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