Documentos enviados ao Brasil pelo governo da Suíça reforçam suspeitas de caixa dois na campanha do senador José Serra (PSDB) ao governo de São Paulo, em 2006. A investigação sobre Serra está no Supremo Tribunal Federal, mas a Procuradoria-Geral da República pede que o inquérito seja remetido à Justiça Federal de São Paulo, já que os fatos não se referem ao mandato de senador. Segundo a procuradora-geral Raquel Dodge, os novos documentos abrem espaço para continuidade das investigações. Um dos documentos enviados pela Suíça é um e-mail de novembro de 2007, no qual a filha de Serra, Verônica Allende Serra, autoriza a substituição do administrador de uma conta do banco suíço Arner. A conta, chamada de Firenze 3026, pertencia à empresa offshore Dormunt International Inc, do Panamá. Segundo documentos, Verônica recebeu uma procuração para gerenciar os recursos. Serra declarou que rejeita a possibilidade de haver qualquer ilegalidade envolvendo o nome de sua filha e que jamais recebeu vantagens indevidas ao longo da carreira política. Ele também disse esperar que o caso seja esclarecido para evitar que prosperem acusações falsas. Já Verônica disse que não teve ciência dos documentos e que não comentaria o caso, mas considera "um equívoco" a citação de seu nome. Os documentos se somam às denúncias de delatores da Odebrecht sobre suspeita de caixa dois na campanha de 2006. Em depoimento à Polícia Federal, o executivo Pedro Novis, que presidiu a Odebrecht de 2002 a 2008, afirmou em janeiro que Serra pediu e recebeu, para si e para o partido, R$ 52,4 milhões, de 2002 a 2012. Segundo Novis, entre 2006 e 2007 o grupo deu a Serra R$ 4,5 milhões (ou 1,6 milhão de euros ) que foram depositados em uma conta no Exterior indicada por José Amaro Ramos, ligado ao tucano.
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