O número de agressões a professores de escolas da rede estadual paulista disparou neste ano. Em média, três docentes são atacados a cada dois dias no estado. Segundo dados da Secretaria de Estado da Educação, sob a gestão Márcio França (PSB), obtidos via Lei de Acesso à Informação, as agressões passaram de 74, de janeiro a maio de 2017, para 214, no mesmo período de 2018, o que representa uma alta de 189%. Em anos anteriores, o número não chegou a cem casos. As agressões verbais são mais comuns, mas há ataques físicos também. Um aluno de uma escola estadual da Vila Nova Cachoeirinha, da zona norte de São Paulo, jogou uma cadeira na cabeça do professor de artes, após ser repreendido em sala de aula. No ano passado, um professor de matemática conta que foi atacado por um aluno do nono ano, em Bragança Paulista (a 85 km de São Paulo). "Um aluno faltoso entrou na sala sem permissão, foi repreendido por uma funcionária no corredor, e a ameaçou", diz o professor. "Eu a alertei. Ele descobriu, me cercou, me deu socos na cabeça e no rosto, além de chutes na perna. Não reagi, foi vexatório, me senti humilhado". Ele afirma, porém, que o que mais o chocou foi que a direção da escola não tomou nenhuma providência. A agressão o fez abandonar a sala de aula após 20 anos. Hoje, ele trabalha com construção. Os professores dizem que a falta de estrutura das escolas e das famílias dos alunos pode ter provocado o aumento da violência nos últimos anos. Uma das consequências da falta de apoio do governo do estado, segundo eles, é o uso de drogas dentro ou no entorno das escolas. Os casos de agressões verbais fazem parte do dia a dia, segundo uma professora de sociologia: "É tão comum que nem consideramos mais agressão. Triste, né?" No ano passado, em outro exemplo, o carro de uma professora de educação física foi pichado por alunos de uma escola de Campinas. "Vem dá aula para mim sua gata gostosa, vem no 1º B e 2º C", escreveu um suspeito no carro da educadora.
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