sexta-feira, 13 de julho de 2018

Delator petista Delcídio do Amaral comemora absolvição e diz que estuda voltar à política


O ex-senador petista delator Delcídio do Amaral comemorou sua absolvição pela Justiça Federal em Brasília e disse nesta sexta-feira (13) que agora terá outro desafio: reaver seus direitos políticos, cassados quando ele perdeu o mandato em maio de 2016, pois estuda voltar à política. Delcídio do Amaral foi absolvido nesta quinta-feira (12) pela Justiça Federal em Brasília em uma ação penal em que era acusado de ter participado de um esquema para comprar o silêncio do corrupto Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras que virou delator na Lava Jato. O bandido corrupto Lula e outros cinco réus também foram absolvidos no mesmo processo pelo juiz federal Ricardo Leite, que entendeu que não havia provas contra eles. A partir de agora, o delator Delcídio do Amaral não deverá mais se apresentar bimestralmente à Justiça em Brasília e deverá começar a prestar serviços comunitários em Campo Grande (MS), onde vive com a família. Em setembro, o ex-senador petista deverá pagar a segunda parcela anual da multa imposta em seu acordo de delação, que totaliza R$ 1,5 milhão. O delator Delcídio do Amaral disse que soube da absolvição nesta quinta-feira, por telefone, enquanto estava na fazenda de gado nelore de propriedade de sua família na região de Corumbá (MS). Ao juiz Ricardo Leite ele contou que tem se dedicado à sua nova atividade de fazendeiro, e tem gostado da vida no campo.

O ex-senador, que era líder do governo Dilma Rousseff quando foi preso, em novembro de 2015, após ter sido gravado pelo filho de Cerveró, Bernardo Cerveró, disse que se o episódio fosse hoje, com os novos rumos dados à Lava Jato, não teria ido para a cadeia. Para o delator Delcídio do Amaral, sua prisão ajudou a deflagrar a crise política que culminou no impeachment de Dilma, no ano seguinte. Ele comparou sua situação à do senador Aécio Neves (PSDB-MG), gravado pelo açougueiro bucaneiro e muito corrupto Joesley Batista, da JBS. "Aquilo (sua prisão) foi o estopim, ali caiu o mundo. Ali, eles (os investigadores) entraram no Congresso. No meu caso foi o seguinte: 'Vai o Delcídio de boi de piranha para salvar todo mundo'. Quando veio o Aécio foi: 'Segura o Aécio senão vamos nós'", disse o delator petista. O ex-senador criticou o processo em que foi denunciado por obstrução da Justiça. "Você fala em obstrução de Justiça. Aí você pega o depoimento do Nestor Cerveró e ele fala que a delação dele não alterou em nada. Então, era a tese do crime impossível", afirmou. O delator petista Delcídio do Amaral ainda é réu em outra ação em penal, sob responsabilidade do juiz Sergio Moro, pela acusação de corrupção e lavagem de dinheiro na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras. "Ali foi caixa dois", disse ele.

Questionado sobre voltar à política, Delcídio fez um paralelo entre seu caso e o do ex-senador Demóstenes Torres (PTB-GO). Demóstenes também foi cassado por seus pares, na esteira de um escândalo envolvendo ligações com o empresário Carlos Cachoeira, e conseguiu no Supremo Tribunal Federal, em abril deste ano, o direito de se candidatar. O delator petista Delcídio do Amaral disse que a investigação sobre Demóstenes foi arquivada. "Eu fui absolvido. É muito mais forte", afirmou.

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