quarta-feira, 6 de junho de 2018

Polícia Federal indicia 28 da UFRGS, entre professores, funcionários e bolsistas, por fraudes nas bolsas


A Polícia Federal indiciou 28 integrantes de universidades gaúchas por fraude em concessão de bolsas de estudo. Entre os indiciados estão professores, servidores e bolsistas, a maioria vinculados à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mas alguns também de entidades privadas, como a Unisinos. Os indiciados serão julgados por associação criminosa, estelionato, falsidade ideológica e inserção de dados falsos em sistema de informação. Entre eles estão seis professores, cinco servidores da UFRGS e bolsistas que recebiam valores indevidamente. A Polícia Federal comprovou que o grupo que coordenava projetos relacionados à área de saúde da UFRGS se utilizava dessa condição para incluir bolsistas que, muitas vezes, não reuniam os requisitos para serem contemplados. Em um dos casos, segundo a Polícia Federal, ficou comprovado que uma pessoa com ensino médio incompleto recebeu bolsa de doutorado no valor de R$ 6,2 mil . Os valores recebidos retornavam aos mentores da fraude em dinheiro vivo e depósitos em conta corrente, além de outras formas. 

Os professores e funcionários indiciados estão afastados de suas funções. O programa fraudado visava à capacitação de profissionais da área da saúde que atuariam como multiplicadores do conhecimento, ampliando o atendimento do SUS à população em diversas regiões do Brasil. O inquérito da Polícia Federal foi aberto em dezembro de 2016, quando foram presos quatro professores da UFRGS e uma da Unisinos e também duas servidoras da universidade federal. Foram presos Sergio Nicolaiewsky — ex-vice reitor da UFRGS e, na época, diretor-presidente da Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs) —, o professor Ricardo Burg Ceccim (um dos coordenadores do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGCol) da Escola de Enfermagem), o professor Alcindo Ferla (também da Escola de Enfermagem da UFRGS), a professora Simone Chaves (da Unisinos) e duas servidoras da UFRGS. Na mesma ocasião foi alvo de condução coercitiva o médico Hêider Aurélio Pinto, ex-secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde. Exonerado do Ministério da Saúde em maio de 2016, depois da troca de governo, Hêider continuava atuando em projetos junto à UFRGS. Tanto Hêider quanto os que foram presos acabaram indiciados pela Polícia Federal neste inquérito. 

A Operação PhD é a primeira realizada no Rio Grande do Sul com uso do Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro. O laboratório permite o cruzamento de milhares de informações e produção célere de relatórios. Se este laboratório e seus sistemas forem utilizados para investigar as teses de mestrado e doutorado da UFRGS haverá uma devastação na academia. O cruzamento de textos das teses com as obras apontadas como referências (bibliografia) mostrará o inevitável, a extensiva prática do "copia e cola", ou plágio. Há teses que são cópias integrais de trabalhos de outros autores. Há inclusive processos tramitando na Justiça gaúcha a esse respeito. A UFRGS detém o título inédito de mãe de fraude em teses acadêmicas, desde que foi obrigada a cassar o título concedido a Gilberto Kmohan, que teve sua tese apontada como mero plágio. O orientador de Kmohan foi o jornalista e professor Sérgio Caparelli, contra o qual nada aconteceu, por incrível que pareça. Aliás, o Ministério Público Federal, na época, recusou-se a abrir processo contra os dois, por fraude na tese, que é um título concedido pelo governo federal. 

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