A State Grid elevou sua oferta pelas ações da CPFL Renováveis, mas a briga que a chinesa trava com os acionistas minoritários da empresa de energia há cerca de um ano deverá ter novos capítulos. A nova proposta ainda ficou distante do valor considerado justo pelos acionistas e pela área técnica da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A chinesa ofereceu R$ 13,81 por ação da empresa, o que implicaria um pagamento de R$ 392 milhões adicional pelos 48,4% da CPFL Renováveis ainda sob o controle de minoritários. Esse grupo inclui atores de peso no mercado, como os fundos Pátria, o Arrow, o banco BTG Pactual e o IFC, do Banco Mundial. Com isso, o valor da operação chegaria a R$ 3,36 bilhões. Para esses acionistas, o valor deveria ser de, no mínimo, R$ 1 bilhão a mais. A nova proposta dos chineses ainda será analisada pela área técnica da CVM.
A disputa se arrasta na comissão desde junho de 2017, com direito a troca de farpas entre as empresas - a chinesa chegou a chamar a reclamação dos minoritários de oportunista- e questionamentos feitos pelos chineses em relação à atuação da área técnica do órgão de controle. A briga começou quando a State Grid comprou a participação da Camargo Corrêa na CPFL Energia. O valor total pago pelo grupo foi de cerca de R$ 14,19 bilhões - R$ 25,51 por ação, com um prêmio de 29% em relação ao preço da ação no dia. Ao mesmo tempo, a empresa chinesa ofereceu R$ 12,20 por ação da CPFL Renováveis, que é uma subsidiária da CPFL Energia, o que representaria um desconto de 6%. Os acionistas minoritários da CPFL Renováveis, então, passaram a questionar esse valor na CVM, afirmando que não houve tratamento igualitário entre o preço oferecido às ações da CPFL Energia e da subsidiária.
Em fevereiro, a área técnica da CVM havia soltado um relatório rejeitando os R$ 12,20 e sugerindo cinco outras metodologias mais adequadas, que iam de R$ 16,69 por ação a R$ 20,48. Com isso, a State Grid iria desembolsar, no mínimo, R$ 1 bilhão a mais pela subsidiária. A State Grid então passou a questionar o relatório, argumentando que o órgão estaria extrapolando suas competências ao determinar um preço. A decisão do colegiado da CVM atendeu em parte ao pleito: em vez de apontar o valor das ações, como a área técnica havia feito anteriormente, determinou apenas a metodologia a ser aplicada, deixando o cálculo em aberto para os chineses. À época, acionistas minoritários diziam temer que a State Grid se aproveitasse dessa abertura para procurar um cálculo que chegasse ao menor valor possível.
No relatório divulgado nesta quinta-feira (21), a State Grid sugere cinco cálculos, entre os quais o de R$ 13,81 por ação era o mais elevado. Os acionistas minoritários defendiam uma conta que levaria a um valor de R$ 17,67, o que representaria um desembolso de R$ 1,3 bilhão a mais. O caso é considerado complexo pois não há uma jurisprudência consolidada para esse tipo de operação, em que se define o preço de ações de subsidiárias cujas controladoras foram vendidas.
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