domingo, 20 de maio de 2018

Piloto suspeito de envolvimento com morte de chefes do tráfico tinha relação próxima com coronel da Policia Militar de São Paulo



Edson Luiz Gaspar foi subcomandante do Grupamento de Radiopatrulha Aérea da PM de São Paulo. Tinha abaixo dele mais de 400 policiais e respondia por quase 30 aeronaves da Polícia Militar em todo o Estado. Em 2008, a filha dele, Tamires Correa Gaspar, abriu uma empresa em sociedade com Felipe Ramos Morais, piloto preso em Goiás na segunda-feira (14) por ter participado da morte de dois chefes de uma facção criminosa de São Paulo, Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, Fabiano Alves de Souza, o Paca. Felipe é apontado pela polícia de São Paulo como piloto dessa facção e já foi condenado por traficar cocaína usando um helicóptero. Ele foi encontrado usando o documento falso de outro piloto, que estava desaparecido e era suspeito de levar drogas do Paraguai para Goiás. À Polícia Civil, o preso teria dito que usava o documento falso por ter feito serviços para organizações criminosas e ter medo de ser encontrado por esses grupos. A empresa aberta pelo piloto se chama G. F. Assessoria Aeronáutica Ltda. Felipe Ramos Morais era sócio e administrador. A filha do coronel assinava apenas como sócia – na época, ela tinha 19 anos. De acordo com o registro na Junta Comercial de São Paulo, em março do ano passado, Felipe foi retirado da sociedade e o Coronel Gaspar, agora aposentado, entrou no lugar dele. Os dois ficaram amigos em uma rede social em março de 2012. Quatro meses depois, Felipe foi preso com 173 kg de pasta base de cocaína em helicóptero. As iniciais G e F, da G. F. Assessoria Aeronáutica, também aparecem em outra empresa de Felipe Rramos Morais, que tem quatro helicópteros, dois deles envolvidos no transporte de drogas: G. F. Helicópteros. A mãe e a irmã do piloto têm uma terceira empresa: a G. F. Táxi aéreo. 


Para Rafael Alcadipani, pesquisador da atividade policial da FGV, que estuda a atividade policial, a relação de um policial militar de alto escalão com um piloto condenado por tráfico de drogas e envolvido com uma facção criminosa de São Paulo é gravíssima. "O que nós temos de indícios até aqui são gravíssimos, por isso que a gente precisa de uma investigação aprofundada dos órgãos competentes, tanto da Corregedoria da PM que, em geral, é bastante dura nesse tipo de investigação, quanto dos demais órgãos de segurança pública, o Ministério Público", diz o professor. 

Entre março e abril, a polícia de São Paulo já tinha apreendido três helicópteros que são de Felipe Ramos Morais, segundo os delegados, mas estavam em nome de laranjas. Outros cinco helicópteros registrados no nome de empresas do piloto, três deles estão com a documentação em dia para voar. 

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