domingo, 13 de maio de 2018

Estados Unidos inauguram nesta segunda-feira a embaixada em Jerusalém


Desde sua chegada à Casa Branca, Trump se aproximou de dois países e abandonou os tradicionais aliados americanos. Sua primeira viagem ao Exterior foi para a Arábia Saudita, e não para Canadá, México ou Europa, destinos de estréia de seus antecessores. E na sequência parou em Israel, onde tomou gestos muito significativos e anunciou decisão histórica. Ele foi ao Muro no Monte do Templo e disse que transferiria a embaixada americana de Tel Aviv para a capital Jerusalém. Com Trump, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, celebra um alinhamento sem precedentes. Depois de festejar a decisão dos Estados Unidos de deixar o acordo com o Irã, ele aplaudirá nesta segunda-feira a inauguração da embaixada americana em Jerusalém. O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel contou com apoio internacional apenas de Netanyahu e contrariou a determinação sustentada por Washington durante sete décadas de manter sua representação diplomática em Tel-Aviv. A Arábia Saudita também não gostou, mas a hostilidade em relação ao Irã falou mais alto. 

Depois de oito anos de ofensiva diplomática de Barack Obama, Trump chegou à Casa Branca determinado a confrontar Teerã. Seus impulsos foram contidos nos primeiros meses por assessores moderados, mas quase todos deixaram o governo desde o início do ano. A política externa está agora nas mãos de Mike Pompeo, no Departamento de Estado, e de John Bolton, no Conselho de Segurança Nacional, dois falcões que já defenderam a invasão do Irã para acabar com seu programa nuclear. “A maneira explícita do alinhamento entre Estados Unidos e Israel em posições tão extremas em relação ao Irã é sem precedentes”, disse Ian Lustick, especialista em Oriente Médio da Universidade da Pensilvânia. Segundo ele, havia mais proximidade entre os dois países durante o governo de George W. Bush, mas a coincidência não era total. “Os interesses dos EUA e de Israel se sobrepõem apenas parcialmente, mas os objetivos de curto prazo de seus atuais líderes correspondem muito estreitamente”, ressaltou Lustick. 

Professor da Universidade Duke, Bruce Jentleson observou que os EUA sempre mantiveram um “compromisso fundamental” com a segurança e a defesa de Israel. No entanto, presidentes anteriores contrabalançavam essa posição com divergências em outros pontos e o esforço de manter a credibilidade como interlocutores dos palestinos. “Com as decisões de mudar a embaixada e rejeitar o acordo com o Irã, Trump afetou esse equilíbrio e alimentou as posições e políticas extremas de Netanyahu”, afirmou Jentleson. Lustick observou que a diplomacia do antecessor de Trump também o distanciou de posições tradicionais dos EUA. “Obama certamente tentou um novo caminho de diplomacia multilateral como uma maneira de engajar o Irã e limitar suas ambições, ao mesmo tempo em que reconhecia seu status como importante ator regional". 

Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita sustentam que o acordo nuclear aumentou a confiança de Teerã, que passou a expandir sua influência na região. Na Síria, forças iranianas lutam pela permanência de Bashar Assad no poder e protagonizam conflitos cada vez mais intensos com Israel. O mais recente, na quinta-feira, deixou o Oriente Médio à beira de uma nova guerra. A Arábia Saudita combate uma insurreição xiita que tem o apoio do Irã no Iêmen, seu vizinho do sul. Com assistência e tecnologia de Teerã, os rebeldes lançaram nos últimos três anos mais de 120 mísseis contra o território saudita. “Os iranianos representam uma clara e imediata ameaça ao reino saudita”, escreveu Bruce Riedel, do Centro para o Oriente Médio do Brookings Institution. Segundo ele, o rei Salman e o príncipe Mohamed bin Salman são os líderes com posições mais hostis em relação ao Irã da história da Arábia Saudita. “Eles romperam relações com Teerã e caracterizaram o país como uma ameaça ao mundo parecida com a representada por Hitler."

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