A defesa de Marcelo Odebrecht apresentou nesta quarta-feira (28) os emails trocados entre executivos do grupo que tratariam da venda de um terreno para a construção do Instituto Lula, reformas em um sítio em Atibaia (SP) e financiamento para o filme "Lula, o filho do Brasil".
Os documentos foram anexados aos autos do processo em que o ex-presidente Lula é acusado de beneficiar indevidamente as empreiteiras Odebrecht e OAS em troca de mais de R$ 1 milhão em reformas no sítio. Marcelo Odebrecht teve acordo de colaboração premiada homologado pelo Supremo Tribunal Federal em janeiro de 2017.
Na petição desta quarta-feira, os advogados afirmam que Marcelo Odebrecht começou a realizar buscas em um HD ao qual teve acesso quando passou a cumprir regime domiciliar, em dezembro do ano passado. Seu objetivo, segundo os advogados, é encontrar mais elementos que corroborem os fatos relatados em seu acordo. Em um dos emails, o empresário pede que seja entregue a seu pai, Emilio Odebrecht, pontos para uma conversa. Entre eles, "estádio Corinthians", "obras sítio" e "instituto". Em outro email, o ex-funcionário Carlos Armando Paschoal afirma a Marcelo Odebrecht que a reforma de Atibaia está no cronograma e que será entregue no dia 15.
Ele também diz que um engenheiro sênior ("Fred") se instalou no local e que "está cuidando pessoalmente do assunto com equipe de sua confiança". Ao juiz Sergio Moro, o engenheiro Frederico Barbosa afirmou que a empreiteira não queria ser identificada pela obra.
Em outra mensagem, o executivo da Odebrecht, Emyr Costa, diz que "o cliente" relatou que "o morador do sítio" não estava preocupado com a extensão do prazo das obras. Em email para o executivo Luiz Antonio Mameri, Marcelo Odebrecht orienta: "Qd mencionar ao amigo de BJ (Benedicto Junior, ex-presidente da empreiteira) que o acerto do evento foi com Italiano/amigo de meu pai, e não com PT, importante não mencionar nada sobre minha conta corrente com Italiano (ex-ministro Antonio Palocci), pois só ele e amigo de meu pai (Lula, segundo Odebrecht) sabem".
A defesa de Marcelo Odebrecht destaca que este email reforçaria o conhecimento de Lula sobre a conta corrente de propina mantida com Palocci. Em outra mensagem, o empresário diz que aprovou R$ 15 milhões com Palocci para cobrir pedidos do amigo de seu pai (Lula, segundo Marcelo Odebrecht), sem que ele soubesse do uso do crédito. A conta teria incluído palestras e frete de aeronaves. Foram anexados, ainda, emails trocados entre Marcelo Odebrecht e Branislav Kontic, assessor de Palocci. Em um deles, o executivo diz que precisa "mandar um paper para o Chefe (Palocci) pedindo orientações sobre o prédio".
Segundo a defesa do empresário, este prédio é o que seria construído para o Instituto Lula. Em outra mensagem, Odebrecht pede que Branislav lembre ao chefe sobre um encontro que ficou de marcar com o advogado sobre o prédio, pois teriam sido cobrados sobre o assunto. De acordo com sua defesa, o advogado é Roberto Teixeira, amigo de Lula.
Marcelo Odebrecht também apresentou emails sobre uma suposta ajuda financeira para o filme "Lula, o filho do Brasil". O executivo Marcos Wilson afirma que o apoio da empresa seria de R$ 750 mil e que a empreiteira não apareceria. Ele ressalta que, embora fosse um desejo do cliente, achava este "tipo de louvação maléfico" e que poderia ser "um tiro no próprio pé do cliente". Odebrecht responde que está de acordo com o que decidirem seu pai, Emilio, e o executivo Pedro Novis.
Há cerca de uma semana, Marcelo Odebrecht já havia apresentado emails que tratariam da compra de um terreno para o Instituto Lula. Na ocasião, os documentos foram anexados à ação penal em que Lula é acusado de beneficiar indevidamente a empreiteira em troca de vantagens como o terreno em São Paulo para o instituto.
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