segunda-feira, 12 de março de 2018

Nazista "contador de Auschwitz" morre aos 96 anos


O nazista Oskar Gröning, conhecido como "contador de Auschwitz", ex-membro das SS condenado por cumplicidade no assassinato de 300 mil judeus durante o nazismo, morreu nesta segunda-feira (12) aos 96 anos. Gröning tinha sido declarado culpado em 2015 e sentenciado a quatro anos de prisão, mas havia entrado com uma solicitação de indulto, seu último trunfo para evitar a prisão. No entanto, o Tribunal Constitucional tinha ratificado em dezembro a condenação ditada pelo Tribunal de Lüneburg (norte) em 2015 e rejeitado o recurso apresentado pelo condenado contra a ordem de prisão. Em janeiro, a justiça da Alemanha confirmou a negação do indulto. 

Segundo foi relatado no julgamento, Gröning entrou em 1941, então com 20 anos, nas Waffen-SS (polícia de Estado de Adolf Hitler) e dois anos depois começou a ajudar em Auschwitz, onde assumiu a incumbência de confiscar as posses dos deportados e de fazer as correspondentes transferências a Berlim. A acusação se centrou no seu papel na chamada "Operação Hungria", de meados de 1944, quando chegaram a Auschwitz cerca de 450 mil judeus, dos quais 300 mil foram assassinados.

Gröning, que após a queda do nazismo passou por um campo de internação britânico e depois voltou à vida civil como contador em uma fábrica de vidro, foi indiciado em 1977, mas absolvido em 1988. O processo contra Gröning foi o expoente dos julgamentos tardios por crimes do nazismo, abertos após o precedente fixado pelo caso do ucraniano John Demjanjuk, condenado em 2011 a cinco anos de prisão por cumplicidade nas mortes do campo de extermínio de Sobibor, na Polônia ocupada.

Gröning admitiu no processo sua "cumplicidade moral" nas mortes do campo de extermínio de Auschwitz, onde realizou tarefas como a apreensão e administração do dinheiro e as posses de quem chegava como deportado. O processado expressou seu arrependimento e pediu perdão aos sobreviventes e familiares das vítimas da acusação, além de lamentar não ter agido em consequência diante de crimes dos quais, segundo disse, foi perfeitamente consciente. A condenação a quatro anos de prisão superou o pedido da procuradoria - que tinha solicitado três anos e meio -, enquanto a defesa pedia a absolvição do acusado.

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