As munições calibre 9 mm que mataram a vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes são do mesmo lote de parte das balas utilizadas na maior chacina do estado de São Paulo. Os assassinatos de 17 pessoas ocorreram em Barueri e Osasco, na Grande São Paulo, em 13 de agosto de 2015. Três policiais militares e um guarda-civil foram condenados pelas mortes. O lote em questão é o UZZ-18. Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, esse lote foi vendido à Polícia Federal de Brasília pela empresa Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) no dia 29 de dezembro de 2006, com as notas fiscais número 220-821 e 220-822. Em ofício de 2015 do processo da chacina de Osasco e Barueri, a empresa Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) indica para a Polícia Militar de São Paulo para onde foram vendidas as balas dos cinco lotes de munição usados na chacina. Parte dessa munição encontrada na cena da chacina de Osasco é do mesmo lote da usada no assassinato da comunista Marielle Franco, do PSOL.
A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar a origem das munições e as circunstâncias envolvendo as cápsulas encontradas no local onde Marielle Franco foi morta. A Polícia Federal quer saber como as munições saíram de Brasília e chegaram ao Rio de Janeiro. Além disso, a investigação deverá rastrear por onde passou a munição desde a chegada do lote em Brasília, em 2006, até a última quarta-feira. A Polícia Civil do Rio de Janeiro já descobriu que a munição é original - ou seja, não foi recarregada. Isso porque a espoleta, que provoca o disparo da bala, é original. Os agentes chegaram a essas conclusões após a perícia. Agora, as polícias Civil e Federal vão iniciar um trabalho conjunto de rastreamento.
Munições desse lote também foram usadas na chacina de Osasco e Barueri, conforme mostra o documento acima. Durante a investigação do crime, a Polícia Técnico-Científica de São Paulo descobriu que todas as balas usadas pelos assassinos eram calibre 9 mm de cinco lotes diferentes da CBC: BIZ-91, AAY-68, BAY-18, BNT-84 e UZZ-18. O BIZ-91 foi adquirido pelo Exército; os AAY68 e BAY18, pela Polícia Militar de São Paulo; e os BNT84 e UZZ18, pela Polícia Federal. A polícia de São Paulo não conseguiu rastrear se essas balas foram desviadas ou roubadas de algum batalhão. Todos os acusados foram considerados culpados pelos crimes, em dois julgamentos. No primeiro júri, realizado em setembro de 2017, foram condenados o PM da Rota Fabrício Eleutério (255 anos, 7 meses e 10 dias de prisão); o policial militar Thiago Henklain (247 anos, 7 meses e 10 dias); e o guarda-civil Sérgio Manhanhã (100 anos e 10 meses). No segundo julgamento, o PM Victor Cristilder Silva dos Santos foi condenado a 119 anos, 4 meses e 4 dias de prisão. Segundo a acusação, eles cometeram os assassinatos para vingar as mortes de um PM e de um GCM dias antes da chacina. (G1)
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