A ex-corregedora nacional de Justiça e ministra aposentada do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Eliana Calmon, diz que a Lava Jato não chegará no Judiciário, pois os advogados dos colaboradores impedem que os delatores falem de magistrados. Ao que tudo indica, ela reviu a previsão que fez, em 2017, de que a Lava Jato, por uma questão estratégica, pegaria o Judiciário num segundo momento. Eis trecho da entrevista que ela concedeu na semana passada à TV Migalhas, durante a 16ª Conferência da Advocacia Mineira, em Juiz de Fora (MG): Ela [a Lava Jato] é efetiva, acho que não vai chegar no Poder Judiciário. Eu já estive conversando com os integrantes da força-tarefa. O que eles dizem é o seguinte: os próprios advogados dos colaboradores não querem que os seus clientes falem sobre os juízes. Porque, fala sobre os juízes, os juízes ficam e os advogados se inutilizam, porque o juiz nunca mais perdoa. Existe o espírito de corpo. O advogado não quer que haja denúncia. Sem a denúncia, fica muito difícil. Em abril do ano passado, a ex-corregedora havia feito avaliação oposta em entrevista à Folha de S.Paulo. "No meu entendimento, a Lava Jato tomou uma posição política. É minha opinião pessoal. Ou seja, pegou o Executivo, o Legislativo e o poder econômico, preservando o Judiciário, para não enfraquecer esse Poder. Entendo que a Lava Jato pegará o Judiciário, mas só numa fase posterior, porque muita coisa virá à tona. Inclusive, essa falta tem levado a muita corrupção mesmo. Tem muita coisa no meio do caminho. Mas por uma questão estratégica, vão deixar para depois". Um ano depois, Eliana volta a afirmar que é muito difícil punir juiz. Eu era magistrada de carreira, era uma ministra, estava na corregedoria, eu sofri horrores. Para fazer uma investigação financeira de desembargador quase fui crucificada.
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