O ex-vice-prefeito Antonio Feldmann (PMDB), de Caxias do Sul, comunicou formalmente ao presidente do partido na cidade, vereador Paulo Périco, nesta sexta-feira, que retira seu nome e abre mão da pré-candidatura a deputado federal pela legenda. Na prática, esse anúncio representa a sua saída do PMDB, porque ele está decidido desta vez a concorrer a deputado federal. Como o partido lhe nega a legenda para concorrer, então ele sai do partido.
A decisão, segundo Antonio Feldmann, é sua contribuição para promover a unidade partidária. Isso é lorota. No comunicado enviado a Périco, ele diz: "Após ter servido ao PMDB por mais de 20 anos, de ter absorvido portentosa base de conhecimentos e relações importantes para o exercício de funções públicas, entre as quais a que mais me orgulho é a de ter sido vice prefeito de Caxias do Sul de 2013 a 2016, percebo que desafiei alguns dogmas ao, com toda a legitimidade política, colocar meu nome para concorrer, em âmbito interno, a uma cadeira na Câmara dos Deputados. Já percebera o desconforto provocado em grupos internos nas últimas eleições municipais à prefeitura, quando defendi candidatura própria a prefeito. A ousadia maior foi colocar meu nome à disposição para disputar por Caxias do Sul, uma vaga de deputado federal, que eu desejo porque servi ao partido e seus interesses em todas as instâncias que exigiam trabalho duro, não palaciano".
O uso da palavra "palaciano" não foi por acaso. Antonio Feldmann foi um fiel seguidor do muito incompetente e inapetente governador peemedebista gaúcho, José Ivo Sartori, que comanda o Estado como se fosse um botequim de linha na serra gaúcha. Durante gestão de Sartori na prefeitura de Caxias do Sul, foi seu secretário municipal. Mas, quando foi para o governo, José Ivo Sartori portou-se exatamente como seu guru maior, Pedro Simon. Passou sal na terra e relegou todos os companheiros, tanto que entregou a administração municipal para o PDT.
Antonio Feldmann prosseguiu em sua nota: "Constrangido pela condição a que me vejo exposto diante da manifesta posição de meus líderes de que meu ingresso colocaria em risco a eleição da candidatura natural e oficial, cuja competência não se discute, declaro que estou retirando meu nome e abrindo mão da pré-candidatura a deputado federal pelo PMDB. Assim ficará mais fácil aos convencionais do meu partido assegurarem o êxito nas eleições de outubro próximo, além de contribuir para que se evite possíveis divisões, conflitos e rachas internos. É minha contribuição mais uma vez no sentido de promover a unidade partidária". Desta forma, o deputado federal Mauro Pereira será candidato único pelo PMDB de Caxias do Sul. Mas, agora, significa que ele terá pela frente um adversário forte na disputa pelos votos dos eleitores do município e da região serrana do Rio Grande do Sul. Com sua carta, Antonio Feldmann deixou claro que não é ele que sai do partido, é o partido que o exclui. De qualquer maneira, o PMDB sai de Antonio Feldmann.
Ele declarou a Videversus que vai concorrer a deputado federal por outro partido. Só não escolheu ainda a nova sigla. Mas, adiantou que anunciará sua decisão na terça-feira. Na segunda à noite, o ex-vice reúne-se com apoiadores para definir o caminho a ser tomado. No final de semana, ele conversa com o governador José Ivo Sartori (PMDB). Conversa inútil, que já deveria ter sido tomada há muito tempo.
Segundo Antonio Feldmann, ele recebeu o convite de oito partidos. "Estou ouvindo e indo ao encontro de todos os partidos que estão me fazendo convite, com todo o respeito".
Em sua página no Facebook, Antonio Feldmann publicou nesta sexta-feira o seguinte texto:
"ESTOU RETIRANDO MEU NOME E ABRINDO MÃO DA PRÉ-CANDIDATURA A DEPUTADO PELO PMDB
Mais uma vez abro mão de concorrer pelo PMDB. Em 2014 foi assim (eu tinha desejo de concorrer a deputado federal). Em 2016 foi assim (Eu tinha desejo de concorrer a prefeito). Em 2018 está sendo assim (Eu tenho desejo de concorrer a deputado federal). Mais uma vez meu gesto e minha atitude tem objetivo de evitar conflitos, divisões e rachas. A seguir divulgo a Carta que encaminhei hoje ao partido:
Caxias do Sul, 16 de março de 2018
Caro Presidente
PAULO PÉRICO
Prezados amigos do PMDB
Há anos fui convidado pelo nosso grande líder e amigo pessoal, de origem seminarista como eu, José Ivo Sartori, a trabalharmos juntos por uma sociedade mais justa. Era um jornalista neófito, mas disposto a acompanhá-lo no maior aprendizado de minha nova vida. Ao longo desta jornada ascendente e repleta de conquistas fui reconhecido como discípulo fiel e dileto deste ícone político gaúcho, decente, correto e equilibrado negociador, conhecendo sua intimidade com o exercício do Poder. Seus amigos passaram ser meus amigos. Suas lutas, as minhas. E mesmo que não tivesse me pedido, filiei-me ao PMDB, uma forma de ajudar a construir a trajetória do partido, cuja história me proporcionou o convívio com os mais competentes homens públicos deste País.
Também cruzei com os anjos maus, os que praticam de forma sub-reptícia uma política de interesses não coletivos, profanos, que contaminam a imagem da política. Ao lado de amigos sérios, lutei para evitá-los e penso que com sucesso. Enfim, na minha característica capacidade de indignação que passou a ser considerada por alguns como "ingenuidade juvenil", preservei meus princípios, valores e a dignidade herdada de meus pais.
Quem me conhece sabe que, além das funções de confiança que com muita honra e sem máculas, exerci no Serviço Público municipal, estadual e federal, assessorei direta e diuturnamente Sartori, estive no coração de todas suas últimas campanhas, exerci tarefas de interesse eminentemente partidário e que consumiram muito do meu tempo, privando muitas vezes do convívio familiar e no acompanhamento do crescimento das minhas filhas.
Desse leque de compromissos, um me motivou de forma sagrada: entrar e permanecer na vida das pessoas, ser convidado a frequentar seus lares, ouvi-las com atenção, absorver sua expectativa, tendo a honestidade de depurar a realidade do desejo ideal. Olho no olho e com a verdade. Este sou eu, Antonio Feldmann.
Após ter servido ao PMDB por mais de 20 anos, de ter absorvido portentosa base de conhecimentos e relações importantes para o exercício de funções públicas, entre as quais a que mais me orgulho é a de ter sido vice prefeito de Caxias do Sul de 2013 a 2016, percebo que desafiei alguns dogmas ao, com toda a legitimidade política, colocar meu nome para concorrer, em âmbito interno, a uma cadeira na Câmara dos Deputados. Já percebera o desconforto provocado em grupos internos nas últimas eleições municipais à prefeitura, quando defendi candidatura própria a Prefeito. A ousadia maior foi colocar meu nome à disposição para disputar por Caxias do Sul , uma vaga de Deputado Federal, que eu desejo porque servi ao partido e seus interesses em todas as instâncias que exigiam trabalho duro, não palaciano.
Constrangido pela condição a que me vejo exposto diante da manifesta posição de meus líderes de que meu ingresso colocaria em risco a eleição da candidatura natural e oficial, cuja competência não se discute, declaro que estou retirando meu nome e abrindo mão da pré-candidatura a deputado federal pelo PMDB. Assim ficará mais fácil aos convencionais do meu partido assegurarem o êxito nas eleições de outubro próximo, além de contribuir para que se evite possíveis divisões, conflitos e rachas internos, É minha contribuição mais uma vez no sentido de promover a UNIDADE PARTIDÁRIA.
Por final reafirmo minha convicção de que Caxias do Sul e região não podem mais prescindir de apresentar em Brasília uma bancada federal que represente sua dimensão política, social, econômica e ética.
Um abraço fraterno, e que Deus abençõe a cada um e suas famílias".
A saída de Antonio Feldmann do partido já gerou movimentações na vida partidária. Na reunião da noite desta sexta-feira do Diretório Municipal do PMDB em Caxias do Sul, mal compareceram 30 pessoas. E já teve início um processo de desfiliação de membros do partido, que acompanharão Antonio Feldmann em sua nova escolha partidária e na sua campanha eleitoral para deputado federal.
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