domingo, 25 de fevereiro de 2018

Brasil pede extradição do maior traficante de armas para o País, preso nos Estados Unidos




Foi preso no sábado (24) na Flórida o brasileiro Frederik Barbieri, considerado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro o maior traficante de fuzis dos Estados Unidos para o Brasil. O governo brasileiro já pediu aos Estados Unidos a extradição de Barbieri. A prisão foi confirmada pelo titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), Fabrício Oliveira. Barbieri tinha cidadania americana e foi apontado como o comandante da organização responsável pela carga de 60 fuzis de guerra apreendidos em junho do ano passado no Terminal de Cargas do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro Galeão/Tom Jobim. Segundo Oliveira, as investigações no Brasil começaram em 2015 e apontam que Barbieri residia em Miami desde 2010. Com a apreensão no aeroporto, as autoridades americanas também iniciaram uma investigação, no ano passado. “Foi essa investigação nos Estados Unidos que ocasionou a prisão dele lá, começou com a apreensão do carregamento de fuzis aqui no Galeão, quando começou a investigação das autoridades americanas. A prisão dele é fruto de uma investigação da polícia americana com a ajuda da polícia brasileira, uma força-tarefa ficou uma semana lá”, disse Oliveira.

Para o delegado, a prisão foi um importante passo no combate à violência no Estado. “A expectativa é que as remessas ilegais diminuam, uma vez que a gente conseguiu desarticular essa quadrilha. Tem investigações que seguem em sigilo. A gente apreendeu fuzis no aeroporto, mas sabe que ele utilizou diversos outros instrumentos. É muito importante, porque foi fruto de uma força-tarefa entre a Polícia Civil do Rio e agentes americanos, em que a gente consegue colocar o líder de uma organização criminosa na cadeia”, destacou.

O Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, informou que já apresentou ao governo norte-americano o pedido de extradição de Frederik Barbieri. Porém, houve um pedido de documentação complementar e, no momento, o departamento aguarda o Poder judiciário enviar os papéis solicitados traduzidos para o inglês. “Frederik Barbieri é investigado em procedimentos criminais instaurados no Brasil e nos EUA. Os pedidos de cooperação jurídica internacional entre os países para produção de provas encontram-se em andamento”, informou o órgão por meio de nota.


O importador de fuzis, que abastecia criminosos do Brasil com as armas, foi preso através do rastreamento dos aquecedores dentro dos quais ele enviou uma carga no ano passado. Para a polícia brasileira, Frederik enviou os 60 fuzis apreendidos no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, no dia primeiro de junho do ano passado. As armas estavam dentro de aquecedores de piscina. Um dia depois da apreensão, o governo brasileiro pediu ajuda às autoridades americanas para identificar a origem da carga, vinda do Aeroporto de Miami, na Flórida. O mistério começou a ser desvendado pela etiqueta de identificação dos aquecedores. A partir do número de série dos equipamentos, a polícia conseguiu, com o fabricante, descobrir a loja exata de onde os aquecedores tinham saído, em Fort Pierce, cidade da Flórida onde Barbieri morava. A loja faz parte de uma grande rede de materiais de construção nos Estados Unidos. E, para os funcionários, não foi difícil lembrar de brasileiros que haviam comprado muitos aquecedores dizendo, justamente, que iam exportar pro Brasil.

O estabelecimento forneceu às autoridades um vídeo de 31 de janeiro de 2017, onde aparecem os brasileiros João Felipe Barbieri e Marcus Garrido. Na ocasião, eles compraram seis aquecedores de água, do mesmo modelo apreendido no Galeão, com os fuzis dentro. Cada aquecedor custa algo em torno de R$ 1,3 mil. Garrido foi identificado e localizado pelos policiais americanos. Ele contou aos oficiais que depois de comprar os aquecedores, ele os trazia para um depósito. Ele disse que dentro do depósito havia uma mesa pra trabalho, ferramentas e equipamentos pra corte. Garrido disse que os aquecedores ficavam aqui por um tempo, até serem levados para uma transportadora em Miami, a última parada antes do aeroporto.

Os investigadores suspeitam que funcionários de companhias aéreas ajudavam no esquema de Frederik. Já Felipe é o genro de Frederik, e também está preso. Frederik será ouvido na tarde desta segunda-feira em uma corte em Miami. Ele tem cidadania americana --- ou seja, vai responder aos crimes como cidadão dos Estados Unidos.

Também foi localizado um homem responsável por ajudar a polícia a desvendar todo o esquema montado por Frederik Barbieri, investigado desde o envio de uma carga de fuzis para Salvador em 2010. O colaborador, que fez sua primeira viagem para os Estados Unidos em 2016 para ajudar na exportação das armas, contou como os fuzis eram colocados dentro dos aquecedores – uma balança de precisão era usada para certificar que a carga teria o mesmo peso que aquecedores normais exportados. “Ele sempre me chamou de primo, né? Chamava todo mundo de primo. Aí ele falou, primo, tu tá falando com o senhor das armas. Eu sou o senhor das armas”, disse o delator, que afirmou que inicialmente acreditava trabalhar com contrabando de eletrônicos. O delator afirmou que decidiu colaborar com as autoridades depois da entrevista que Frederik Barbieri deu para o Fantástico dizendo que criava galinhas e negando ser traficante de armas.

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