sábado, 20 de janeiro de 2018

Compositor mineiro de músicas de Ney Matogrosso e Milton Nascimento morre de febre amarela em Minas Gerais


Após uma semana internado em Belo Horizonte, com amigos e familiares na torcida e em campanha para doação de sangue, morreu na quinta-feira (18) o músico Flávio Henrique Alves de Oliveira, de 49 anos, por complicações da febre amarela. Ele assumiu a presidência da EMC (Empresa Mineira de Comunicação), responsável pela rádio Inconfidência e pela TV Rede Minas, em 2016. Compositor, Flávio Henrique era produtor musical muito atuante, com oito CDs autorais e um DVD. Seu último trabalho foi o CD "Zelig", lançado em 2012. Ele gravou 180 músicas e fez parcerias com grandes nomes, incluindo todos os integrantes do Clube da Esquina, como ele mesmo gostava de destacar. 

Ele é a segunda vítima na capital mineira neste ano. Em Minas Gerais, já são 23 casos confirmados e 16 mortes nesses primeiros dias de 2018. "Ele foi uma figura muito importante que topou esse desafio de assumir uma empresa pública em plena crise, com uma situação complicada de investimentos. Vai ficar um vazio enorme, não sei como vamos tocar esse barco ainda", lamentou o diretor artístico da rádio Inconfidência e amigo, Elias Santos. A Secretaria de Estado da Cultura de Minas publicou nota de falecimento afirmando que a dedicação do músico foi fundamental durante a transferência da Rádio e da Rede Minas para as novas instalações das emissoras, bem como na implantação e integração da EMC. "Flávio Henrique foi, como gestor público, o que sempre foi como artista. Uma pessoa leal e digna que pôs o seu talento a serviço da cultura de Minas Gerais e do Brasil. Todos nós sentimos profundamente a sua partida", palavras do secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo. 

O músico deu entrada no Hospital Mater Dei, na capital mineira, no último dia 11, onde foi atestado o diagnóstico de febre amarela. O paciente estava no Centro de Terapia Intensiva em estado grave. Segundo a Secretaria de Saúde de Minas Gerais, Flávio Henrique foi contaminado em Brumadinho, município da região metropolitana de Belo Horizonte, onde estão sendo investigadas mais quatro suspeitas de infecção por febre amarela. Amigos contaram que ele teria comprado um imóvel recentemente em Casa Branca, distrito da cidade, onde já havia ocorrido uma morte pela doença neste ano. Flávio não tinha se vacinado. 

"Quando a gente pensa que estamos vivendo de novo um pânico por conta de uma doença, de um mosquito, aparentemente inofensivo... de repente a gente se vê diante de um caso com nosso irmão, amigo, tem que disseminar essa notícia mesmo", disse o instrumentista Kadu Vianna, do Quarteto Cobra Coral, do qual Flávio Henrique fazia parte e estavam juntos nesse trabalho desde 2011. O grupo seguia para o terceiro disco. No Quarteto, Flávio fazia voz, violão e piano. 

O sepultamento de Flávio Henrique ocorreu às 9 horas desta sexta-feira 19), no Cemitério Parque da Colina, no Bairro Nova Cintra, zona oeste de Belo Horizonte. Flávio Henrique deixa mulher e uma filha de 13 anos. Pelo Facebook, o cantor Lô Borges publicou uma mensagem: "Quanta tristeza. Vá em paz, Flávio Henrique. Nossos sinceros sentimentos à família e aos amigos queridos". 

Presidente da EMC desde 2016, transitava por várias gerações de músicos, destacou Elias Santos. "Ele conseguia dialogar com todas as idades e estilos musicais, trouxe o forró e o hip hop para a rádio Inconfidência, que só tocava MPB". Flávio Henrique tinha discos infantis, instrumentais e participou do concursos de marchinhas que revitalizou o carnaval de Belo Horizonte em 2012. "O artista tem essa possibilidade, ele se vai mas a música fica", lembrou o amigo Elias Santos. 

Flávio Henrique estreou na carreira de cantor e compositor em 1995 com o CD "Flávio Henrique". Dois anos depois, lançou "Flávio Henrique e Marina Machado", no qual interpretou composições de sua autoria, entre elas, "Voz da criação", "Um desencontro a mais" e "Último samba". Paulo César Pinheiro foi seu parceiro em "Choro livre" e "Não tive mais o que te dar". Ainda nesse disco foi gravada a música "Lua no dia" com a participação especial de Lô Borges. Ainda na década de 1990, Flávio Henrique também teve música gravada por Ney Matogrosso. Em 2002, participou do Projeto Conexão Telemig Celular de Música, no qual teve como convidados Ed Motta e Chico Amaral. Neste mesmo ano, lançou o CD "Livramento", gravado com Chico Amaral e contou com a participação especial de Milton Nascimento, Ed Motta e Marina Machado. Em 2003, ao lado de Maria Bethânia e Milton Nascimento participou do disco "Thelmo Lins canta Drummond", no qual interpretou a faixa "Mulher nua andando pela casa", poema musicado por Thelmo Lins. 

Flávio Henrique era produtor musical muito atuante, com oito CDs autorais e um DVD. Seu último trabalho foi o CD "Zelig", lançado em 2012. Ele gravou 180 músicas e fez parcerias com grandes nomes, incluindo todos os integrantes do Clube da Esquina, como ele mesmo gostava de destacar.

No primeiro período de monitoramento da febre amarela (julho/2016 a junho/2017), foram registrados 475 casos confirmados em Minas Gerais, sendo que 162 morreram. Desde o início do 2º período, desde julho do ano passado, já foram confirmados 23 casos e 16 mortes agora. Outros 46 pacientes continuam em investigação. Do total de confirmados neste último levantamento, 21 são do sexo masculino. A média de idade é de 45 anos (31 - 69 anos). A letalidade pela doença no Estado está em aproximadamente 68,2%. Todos os confirmados não tinham sido vacinados. 

Atualmente, a cobertura vacinal acumulada de febre amarela em Minas Gerais gira em torno de 82%. Ainda há uma estimativa de 3,5 milhões não vacinados, especialmente na faixa-etária de 15 a 59 anos, que também foi a mais atingida pela epidemia silvestre no ano passado. Belo Horizonte alcançou uma cobertura vacinal de 86%, considerando que é necessário apenas uma dose para imunização. Neste sábado (20), os Centros de Saúde estarão abertos para vacinação, das 8 às 17 horas.

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