sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Escândalo de corrupção na Airbus poderá chegar ao topo da empresa


A Airbus está envolvida num escândalo de corrupção que ameaça a própria fabricante de aviões da Europa. Há suspeitas de pagamento de subornos um pouco por todo o mundo e até o próprio presidente executivo da empresa terá esqueletos no armário. As ações da Airbus desvalorizaram 3%, retirando 2,2 bilhões de dólares ao valor de mercado da empresa, um movimento que os analistas atribuem às declarações do CEO da empresa europeia. 

Tom Enders, em carta envida aos quase 134 mil funcionários da empresa, alertou para tempos “turbulentos e confusos” devido ao escândalo de fraude e corrupção que está sendo investigado pelas autoridades francesas e britânicas e que poderá chegar ao topo da hierarquia da empresa. De acordo com Enders, as investigações poderão resultar em “penalizações significativas” para o grupo, num montante que é difícil de aferir, mas que alguns analistas já apontaram poder chegar a 1,5 bilhão de euros de multa - além dos danos reputacionais e políticos de uma empresa que é em parte detida pelos Estados alemão (22%) e francês (também 22%). 

Na sexta-feira, 6 de outubro, o site de informação francês Mediapart e a revista alemã “Der Spiegel” noticiaram que Enders estará diretamente implicado na criação de uma reserva de dinheiro, separada dos ativos da Airbus (na altura EADS), destinado ao pagamento de subornos para a assinatura de contratos civis e militares. Os investigadores descobriram o possível pagamento de mais de 100 subornos. “A dimensão do caso ainda não é clara, mas é de certeza vasta”, lê-se no artigo. Determinar tudo o que terá acontecido e o que está nos negócios enlameados será um processo difícil. 

A justiça austríaca investiga o envolvimento do executivo na venda suspeita de 18 aviões de caça Eurofighter, fabricados pela Airbus, à Áustria, em 2003. Em fevereiro, Viena já tinha anunciado que iria processar a Airbus devido a este negócio, no valor de dois bilhões de euros. A Áustria quer ser ressarcida em 1,1 mil milhões de euros por ter sido enganada “de forma deliberada”.

Além da Áustria, França e Reino Unido também investigam “comissões ocultas” pagas pela Airbus na obtenção de contratos de venda de aviões comerciais e também de satélites. Caso a Airbus seja punida por causa deste e de outros escândalos de corrupção que rodeiam a empresa, os europeus sairiam derrotados da guerra comercial que travam há décadas com a norte-americana Boeing. A Airbus seria colocada na lista negra de muitos países, o que significa que deixaria de poder participar nos concursos públicos, o que implica a perda de milhares de milhões de euros de receitas.

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