Autoridades turcas exortaram os Estados Unidos nesta segunda-feira a voltar atrás em sua decisão de suspender a concessão de vistos aos cidadãos do país, tomada no último domingo. A medida foi determinada em um contexto de crescentes tensões entre os dois países, sócios na Otan.
A Turquia convocou um dos principais diplomatas americanos em Ancara, Philip Kosnett, para uma reunião no Ministério das Relações Exteriores nesta segunda-feira, para pedir a suspensão da decisão e sinalizar que ela abre caminho para uma “escalada inútil” das tensões.
Horas mais tarde, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em visita a Kiev, se declarou “penalizado” com a decisão americana. “É claro que, antes de mais nada, esta decisão realmente nos penaliza”, disse durante uma coletiva conjunta com o presidente ucraniano, Petro Poroshenko.
O embaixador americano na Turquia, John Bass, assegurou em um vídeo divulgado nesta segunda à noite que a decisão dos Estados Unidos não foi tomada por impulsos. “Esperamos que isso não dure, mas neste momento não podemos prever quanto tempo será necessário para resolver essa questão”, afirmou.
Washington suspendeu no domingo de maneira imediata a concessão de vistos, exceto os de imigração, em todas as suas missões diplomáticas na Turquia, dias depois da prisão de um funcionário local do consulado em Istambul, acusado de “espionagem”. Horas depois a Turquia anunciou estar adotando as mesmas medidas contra cidadãos americanos.
Este brusco agravamento das relações repercutiu com força nos mercados: a Bolsa de Istambul abriu esta segunda-feira com baixa de 4%, e a libra turca era cotada a 3,71 por dólar (diante dos 3,61 de sexta-feira), após alcançar o máximo de 3,92.
Crise
As relações entre Ancara e Washington vêm sendo abaladas há tempos por discórdias a respeito do apoio dos Estados Unidos a combatentes curdos na Síria, pelos clamores turcos para a extradição do clérigo Fetullah Gülen e pelo indiciamento de um ex-ministro turco em um tribunal americano.
Mas a prisão de um funcionário turco do consulado americano em Istambul na semana passada abalou ainda mais o relacionamento. A Turquia disse que o funcionário tem laços com Fetullah Gülen, que Ancara culpa por um golpe militar fracassado em julho de 2016.
Ao anunciar a suspensão de vistos, os Estados Unidos não mencionaram este caso explicitamente, mas declararam que devem reavaliar “o compromisso” da Turquia a respeito da segurança da equipe de suas delegações diplomáticas. Por sua vez, o ministro turco da Justiça, Abdulhamit Gül, assinalou que “tem o direito de julgar um cidadão turco por atividades realizadas” no país.
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