E o bambu? Na sessão em que rejeitou, na quarta-feira (13), o pedido de suspeição de Rodrigo Janot em inquéritos contra Michel Temer, os ministros do Supremo Tribunal Federal tentaram decifrar a mais famosa citação do procurador-geral da República, "enquanto houver bambu, lá vai flecha". Para a defesa do presidente, o alvo das flechadas era claro: o peemedebista, por quem Janot demonstrava "inimizade capital", portanto, estaria incapacitado de investigá-lo. A frase, dizem os advogados, foi um excesso do procurador-geral e um dos argumentos da ação. "Flechadas... Não são expressões consentâneas com um procurador-geral", criticou Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado de Temer.
O ministro Luis Fux, porém, não viu personalismo nas palavras do chefe do Ministério Público Federal: "Se em algum momento utilizou alguma expressão um pouco mais inusitada, ela foi endereçada a outros investigados. O presidente da República não foi alvo exclusivo do procurador-geral da República". As flechadas não passam de figura de linguagem, disse Edson Fachin, relator da ação no Supremo. E, ainda que pudessem ser criticadas, não foram palavras acima do tom. "Ele se referia à investigação de autoridades com prerrogativa de foro privilegiado", argumentou o ministro. Representando Janot no julgamento, o subprocurador da República Nicolao Dino foi mais objetivo em sua consideração sobre bambus e flechas: "A expressão de 'lançar flecha' nada mais significa que o procurador-geral exercerá seu mandato até o fim, manejando os instrumentos processuais que a lei lhe confere", disse Dino. No caso, até o próximo domingo (17).
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