A Odebrecht está preparada para vender, nos próximos 45 dias, duas importantes represas que tem no Peru, como parte de seu plano de se desfazer seus projetos no país. Ainda que a empreiteira não diga o montante dos negócios, agentes do mercado estimam que a primeira delas, Chaglla, na região central do Peru, valha cerca de 1,5 bilhão de dólares. Na segunda, Chavimochic III (norte), avaliada em 500 milhões de dólares, a empresa brasileira participa com 70% da construção e 70% da concessão do serviço. "Em Chaglla, estamos muito avançados, estamos negociando com várias empresas, sem exclusividade. Mas tem uma delas com a qual praticamente já fechamos o negócio, e o contrato de venda pode ser anunciado nos próximos cinco dias" disse à AFP Mauricio Cruz, representante da Odebrecht no Peru.
Chavimochic também está perto de ser vendida, com duas companhia interessadas, "e isso pode acontecer em 30 a 45 dias". Depois disso, ainda resta a possibilidade de vender o saldo das rodovias Rutas de Lima (25%). A empresa toca um programa de venda de ativos para criar caixa e enfrentar processos judiciais, além de resarcimentos por reparação civil, após ter admitido o pagamento de propinas em troca de licença para obras públicas no Brasil e em outros países da América Latina.
Outra venda já concluída foi a da represa Olmos, no norte do país, embora a transferência de ações esteja pendente. "No Peru, não seria necessário vender tudo. Mas o governo não quer que a Odebrecht opere esses projetos, e estamos atendendo seu desejo", afirmou Cruz. Em janeiro, o governo operou uma carta-fiança de 262 milhões de dólares, já que a Odebrecht não conseguiu demonstrar capacidade financeira para continuar com o projeto do Gasoduto Sul-Peruano, avaliado em 7 bilhões de dólares.
O governo pediu para a brasileira se retirar do país, e um decreto do Executivo, de fevereiro, impede qualquer empresa que tenha se envolvido em atos de corrupção de fazer contratos com o Estado. Ele também exigiu que a venda dos ativos da construtora passe para um fundo fiduciário, para garantir o pagamento da reparação civil. A aplicação da norma estaria complicando as operações de vendas e os pagamentos da Odebrecht, segundo a empresa. A Odebrecht admitiu ter pagado 29 milhões de dólares em propinas no Peru entre 2005 e 2014, período que compreende os governos de Alejandro Toledo, Alan García e Ollanta Humala.
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