Em mais uma reunião fora da agenda oficial, o presidente Michel Temer tomou café na casa da líder do PSB na Câmara, Tereza Cristina (MS), com dissidentes daquele partido. Nesta terça-feira, o Palácio do Planalto só adicionou o evento à agenda no começo da tarde. Segundo um assessor, Temer perguntou se deputados da sigla cogitavam deixar a legenda e também falou que quer enviar ao Congresso uma reforma tributária. A líder já havia marcado um café com os correligionários Danilo Forte (CE), Fábio Garcia (MT) e Adilton Sachetti (MT). Forte informou de última hora à anfitriã do interesse do presidente em também participar do encontro.
De acordo com um assessor, Temer sondou os parlamentares se há risco de troca de partido, como do PSB para o DEM ou o PSDB. Tereza respondeu que há conversas nesse sentido, mas não há indicação concreta de mudanças de legenda, até pela ausência de janela partidária no momento. Depois do café com o presidente Michel Temer, os dissidentes do PSB se reuniram com o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que deseja ampliar o tamanho da bancada de seu partido. De acordo com eles, a reunião com Maia já estava marcada.
Segundo o deputado Fábio Garcia (PSB-MT), Temer disse que todos são quadros muito bons e que seriam bem-vindos no PMDB e em qualquer sigla, mas disse que não houve convite explícito. Tanto Fábio Garcia como Danilo Forte votaram a favor de Temer, ou seja, contra a denúncia da PGR na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, no último dia 12. "Não teve um convite para que a gente vá para o PMDB. Ele disse que somos quadros tão bons e que o PMDB é sempre uma opção. Estamos sim conversando já há dias com o DEM", disse Fabio Garcia.
No encontro, Temer ainda conversou sobre a intenção do governo de realizar uma reforma tributária em breve. Nesta segunda-feira, em vídeo nas redes sociais, disse que a enviaria em "brevíssimo tempo". Contudo, em março, ele já havia prometido enviá-la naquele mês. Temer, segundo participantes da conversa, falou muito sobre a situação do país, da retomada da geração de empregos com a reforma trabalhista e sobre a ideia de mexer em pontos do sistema tributário.
O grupo do PSB tem enfrentando a ira da direção nacional. A líder, Danilo Forte e Fábio Garcia foram recentemente afastados do comando dos diretórios regionais pelo presidente do PSB, Carlos Siqueira. Mas, ontem, Fábio Garcia já obteve uma decisão da Justiça do Mato Grosso para retomar o posto. No caso de Danilo Forte, ele foi para o PSB, mas nunca deixou de ser do PMDB, na realidade. Tanto que avisou que votaria com Temer na CCJ. "Vou com o Temer até o fim", disse ele aos colegas de partido, Maia, por sua vez, tem se movimentado para tentar reforçar o DEM como partido.
Na composição final da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), após cerca de 15 trocas de deputados pelos partidos do governo, os cinco deputados do PSB votaram a favor de Temer. Ou seja, contra o prosseguimento da denúncia contra ele por corrupção passiva. A legenda fechou questão, como fizeram o PMDB, PP e PR. Isso deu aos partidos a possibilidade de punir, até com exclusão, parlamentares infiéis.
No último dia 27, Temer havia omitido da agenda oficial um jantar com Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), véspera de escolher Raquel Dodge como a nova procuradora-geral da República — não escolhendo o primeiro colocado da lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República, o que é permitido pela Constituição.
Dois dias depois, também em agenda secreta, almoçou na casa do deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), quando chamou de "chicana jurídica" a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de fatiar as denúncias contra si. O presidente ainda é investigado no STF por organização criminosa e obstrução de Justiça.
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