domingo, 30 de julho de 2017

Ex-deputado expulsa mulher e bebê de casa, atrasa pagamento de pensão e pode ser preso

O ex-deputado federal e ex-prefeito de Marechal Deodoro, Cristiano Matheus (PMDB-AL), atrasou a pensão alimentícia provisória de seu filho de um mês de idade e foi alvo de um pedido de prisão preventiva, já formalizado junto ao Poder Judiciário pela assessoria jurídica da ex-mulher do político, Mayane Souza Santos Silva. Cristiano Matheus foi alvo da Operação Astaroth, em que a Polícia Federal apura suas responsabilidades na lavagem de pelo menos R$ 6 milhões de verbas federais desviadas da merenda e do transporte escolar, em 20 de julho. O pagamento da pensão provisória de valor não revelado foi determinado em 2 de julho, pelo juiz Marcelo Tadeu Lemos de Oliveira, o mesmo que concedeu medida protetiva à ex-mulher de Cristiano Matheus, com base na Lei Maria da Penha, após ambos trocarem denúncias de agressões físicas, no episódio em que o ex-parlamentar a despejou da cobertura avaliada em R$ 3 milhões, na Ponta Verde, um dia depois de Mayane dar a luz ao filho do político, há um mês.


Mayane e seu advogado, rebateram afirmações que atribuem a uma entrevista que teria sido dada por Cristiano Matheus, na qual o político aliado do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) teria afirmado que a Justiça havia lhe dado ganho de causa no embate com a ex-mulher. E afirmam que a pensão está com quase duas semanas de atraso de pagamento, pois, de acordo com a decisão judicial, deveria ser paga até o dia 15 de cada mês, durante seis meses, assim como o aluguel da residência em que mora sua ex. 

“O primeiro pagamento venceu agora no dia 15/07 e ele não cumpriu a determinação judicial. E ao invés de arcar com as responsabilidades desses alimentos, viajou no mesmo dia do pagamento para participar de festas e shows no Estado de Goiás e ainda fica postando tudo nas suas redes sociais. Eu não tenho nada a ver com a vida particular dele, mas eu acho uma falta de respeito comigo e com meu filho e até mesmo com a Justiça, por que a pessoa que deixa de pagar os alimentos do próprio filho diante de uma decisão judicial para gastar em festa e viagem não tem medo da Justiça”, disse Mayane, se referindo às imagens de festas das quais Cristiano Matheus participou, em Goiânia-GO, ao lado de seu amigo, o senador Wilder Morais (PP-GO), uma delas com show do cantor Leonardo.

A publicitária disse ainda que seu advogado informou à Justiça o descumprimento da decisão do juiz e pediu as medidas legais. “Pode sair até a prisão dele. Eu jamais imaginei passar por isso, mas é o caminho que ele tá escolhendo. Mas eu só quero que ele pague o que o juiz determinou”, completou.


A ex-mulher de Cristiano Matheus disse não querer polemizar o assunto familiar, ao levá-lo a público. Mas alegou ter como única preocupação o bem estar de seu filho e sua paz. “Quando ele foi perguntado sobre esse processo que ele ainda responde por violência doméstica praticada contra mim, respondeu que tinha ganho essa causa, mas isso é mais uma grande mentira, quando na verdade o juiz determinou mediante a lei Maria da Penha que ele pague os alimentos provisórios para mim e meu filho”, argumentou.

Seu advogado, Madson Rocha, confirmou que Cristiano Matheus ainda responde a um procedimento criminal de violência doméstica, no 4º Juizado da Violência Doméstica contra a Mulher. “Ele não ganhou nada. Muito pelo contrário, a delegada de polícia da 1ª Delegacia da Mulher representou contra o senhor Cristiano para que o magistrado concedesse as medidas protetivas da Lei Maria da Penha, assim o Juiz concedeu a medida para obrigar o mesmo a pagar os alimentos provisórios a minha cliente, contudo, ele descumpriu a decisão judicial” disse o advogado de Mayane, ao confirmar ter pedido a decretação da prisão preventiva por descumprimento da medida protetiva de urgência.


O advogado de Cristiano Matheus, Fábio Ferrario, disse que seu cliente não foi intimado sobre esta decisão judicial. “Estão querendo transformar um problema de família em uma ação publicitária. Meu cliente não foi intimado por ninguém sobre nenhuma decisão. Muito pelo contrário, está processando a ex-mulher por falar inverdades ao dizer que foi agredida por ele, fato que não ocorreu”, afirmou Ferrario.

A defesa de Mayane garante que Cristiano Matheus esta ciente e intimado da decisão judicial, a partir da publicação no Diário Oficial de 10 de julho. E assegurou que dois advogados constituídos nos autos que respondem por ele estariam cientes. “Tanto é verdade que os mesmos advogados protocolizaram embargos de declaração nesse processo no dia 14 de julho. Então é preciso aqui esclarecer a verdade, e quem está querendo transformar o caso em peça publicitária é o próprio Cristiano que, ao invés de pegar o que é devido, preferiu procurar os órgãos de imprensa para modificar a realidade dos fatos”, disse a assessoria jurídica da ex-mulher do político.


Na semana passada, a Operação Astaroth, encontrou não apenas a cobertura avaliada em R$ 3 milhões em um edifício da orla da Praia da Ponta Verde, em Maceió, como evidência da vida nababesca que Cristiano Matheus leva. A Polícia Federal apreendeu em endereços dele quatro carros de luxo, uma moto e o equivalente a R$ 70 mil em centenas de notas de euros, dólares americanos e reais. Além disso, há a suspeita de que o ex-deputado alagoano registrava bens, imóveis e veículos, que seriam do ex-prefeito, em nome de “laranjas” e utilizava postos de combustíveis em Alagoas e em outros Estados para a lavagem de pelo menos R$ 6 milhões de verbas federais desviadas da merenda e do transporte escolar. Os tentáculos da organização criminosa composta por 14 pessoas se espalhavam pelos Estados de Alagoas, Maranhão, Pernambuco e Sergipe.

O delegado de Combate à Corrupção da Polícia Federal em Pernambuco, Márcio Tenório, afirmou que o perfil econômico de Cristiano Matheus permitiria seu ingresso no programa federal Bolsa Família, de tão baixa é sua renda e patrimônio registrados oficialmente. O ex-deputado federal sempre negou a propriedade da cobertura e disse estar tranquilo e disposto a esclarecer as acusações.

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