Uma imensa rachadura em uma das cinco maiores plataformas de gelo da Antártica está se movendo rapidamente e, em “dias, horas ou semanas” pode originar um gigantesco iceberg. Segundo relatório divulgado por cientistas nesta quarta-feira, a largura da fenda na plataforma de gelo Larsen C está aumentando mais de 10 metros por dia – a velocidade triplicou entre 24 e 27 de junho, período analisado pelos pesquisadores. As últimas observações feitas pelos cientistas do Projeto Midas, da Universidade de Swansea, no País de Gales, que monitora a rachadura por meio de imagens de satélites e radares, não cobrem o comprimento da fissura, que tem se mantido relativamente estável em 175 quilômetros de comprimento. De acordo com os pesquisadores, apenas 13 quilômetros de gelo mantêm o bloco de 5.000 quilômetros quadrados, área equivalente a do Distrito Federal, preso à plataforma. Quando se romper, a fenda deve criar um dos dez maiores icebergs do mundo.
“As imagens mostram claramente que o iceberg permanece ligado à plataforma de gelo em seu extremo oeste – por enquanto”, afirmam os cientistas. O alargamento da rachadura passou a aumentar consideravelmente depois que a porção de gelo ainda preso ao continente desenvolveu uma bifurcação, vista no início de maio por imagens de satélite. Quando o iceberg se soltar, a plataforma Larsen C perderá mais de 10% de sua área e terá a maior retração já registrada. Segundo os cientistas, o desprendimento do bloco de gelo irá mudar fundamentalmente a paisagem da Antártica, e a nova configuração ambiental será menos estável.
Como o bloco de gelo flutuará, não deve causar aumento no nível dos oceanos. Ainda assim, futuras rupturas em decorrência desse desprendimento podem levar ao descongelamento de geleiras e, como a água dessas últimas são integradas aos mares, ao consequente aumento do nível oceânico. Os pesquisadores têm acompanhado a rachadura em Larsen C há muitos anos, em razão de colapsos das plataformas de gelo Larsen A, em 1995, e Larsen B, em 2002. Nos últimos meses, no entanto, passaram a observá-la com atenção em razão do aumento expressivo da fenda. Segundo os cientistas, a fissura que pode levar à ruptura do iceberg não é derivada das mudanças climáticas, mas um fenômeno geográfico. É possível que as mudanças climáticas tenham antecipado o rompimento, mas, provavelmente, não são a causa central do fenômeno.
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