Para enfrentar a crise de confiança criada por sua delação premiada, os irmãos empresários bucaneiros caipiras Joesley e Wesley Batista colocaram à venda diferentes negócios e esperam obter pelo menos R$ 15 bilhões nos próximos meses. O objetivo é obter recursos para abater parte dos R$ 70 bilhões que suas empresas devem no mercado, o que deixaria os bancos mais confortáveis para seguir renovando suas linhas de crédito, apesar da indefinição sobre o futuro do grupo. Na terça-feira (20), a JBS, maior empresa de proteína animal do mundo e carro-chefe dos negócios da família bandida, informou que vai submeter a seu conselho de administração um programa de venda de ativos com o qual espera obter R$ 6 bilhões, além do R$ 1 bilhão pelo qual repassou ao frigorífico Minerva operações na Argentina, Uruguai e Paraguai, os sócios do Brasil no Mercosul.
Se for bem sucedida, a JBS estima reduzir sua alavancagem (relação entre endividamento e geração de caixa) dos atuais 4,2 vezes para 3 vezes. Em março, ela tinha R$ 10,7 bilhões em caixa para uma dívida de curto prazo de R$ 17,8 bilhões. O endividamento total da JBS chega a R$ 47,8 bilhões, com 62% nas mãos de bancos comerciais. Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Itaú dizem que só renovam as linhas de crédito se a empresa vender ativos.
O plano da JBS é abrir mão de áreas menos estratégicas e manter operações mais lucrativas, como a processadora americana de frango Pillgrim's e os negócios de carne bovina nos Estados Unidos e no Brasil. Fazem parte do plano a irlandesa Moy Park, o negócio de confinamento de gado Five Rivers nos Estados Unidos e no Canadá, e a participação de 19% na fabricante de lácteos Vigor no Brasil (a holding J&F detém outros 73%).
Adquirida da Marfrig por US$ 1,5 bilhão em 2015, a Moy Park possui 13 unidades na Europa, mas responde por apenas 3% das vendas da JBS. Executivos do setor acham que o negócio não deve atrair muito interesse, porque o potencial de crescimento do mercado europeu é baixo. A venda dos ativos, no entanto, está sujeita a anuência da BNDESPar, braço de investimentos do BNDES e sócia da JBS. Paulo Rabello de Castro, presidente do banco estatal, disse nesta terça que não foi informado do plano, mas que "a intenção é boa".
Enquanto tentam preservar a JBS, os irmãos bucaneiros caipiras Batista dão sinais de que estão dispostos a vender todas as demais empresas da holding J&F, se for necessário. Além da Vigor, fazem parte do grupo a Flora (higiene e limpeza), Eldorado (celulose), Âmbar (energia), Alpargatas (calçados) e o banco Original. Conforme informações repassadas pela J&F à agência de classificação de risco Standard & Poor's, o objetivo é levantar cerca de R$ 8 bilhões no curto prazo com a venda de ativos da holding.
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