O presidente Donald Trump demitiu nesta terça-feira (9) o diretor do FBI, James Comey, que chefiava investigações sobre integrantes da campanha de Trump e sua suposta ligação com a Rússia. Comey também supervisionava o inquérito sobre uso indevido de e-mails pela ex-secretária de Estado, Hillary Clinton, que disputou a Presidência com Trump.
Segundo o jornal esquerdista The New York Times, o diretor soube da demissão enquanto discursava a funcionários do FBI em Los Angeles por meio do noticiário exibido nas TVs do local — os repórteres foram informados antes de a carta do presidente ser entregue na sede do órgão em Washington. Ainda não está claro o motivo da demissão abrupta. Horas antes, o FBI enviara ao Congresso uma correção de declarações oficiais de seu então diretor sobre os e-mails de Hillary, segundo as quais uma auxiliar da ex-chanceler passara ao marido "centenas de milhares de e-mails", incluindo alguns confidenciais. O órgão depois afirmou que encontrou apenas um pequeno número de mensagens no laptop do ex-deputado Anthony Weiner, investigado em um escândalo sexual. Segundo o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, a decisão de Trump segue a recomendação do secretário da Justiça, Jeff Sessions, e de seu vice, general Rod Rosenstein. O sucessor não foi definido. Com o comunicado de Spicer, a Casa Branca divulgou cartas de Rosenstein e Sessions a Trump, datadas desta terça-feira, pedindo a demissão. Nenhuma delas, porém, cita a correção feita pelo FBI sobre as declarações de Comey. Rosenstein e Sessions argumentaram que a decisão do diretor do FBI de não recomendar o indiciamento de Hillary, em 2016, após investigar o uso de um e-mail particular para tratar de assuntos do Departamento de Estado foi "errada". O vice-secretário da Justiça cita ainda declarações de Comey à imprensa sobre o caso naquele ano, "ignorando" o princípio do Departamento de Justiça — ao qual o FBI está subordinado — de não divulgar informações sobre investigações criminais. Para Rosenstein, ele "usurpou a autoridade" do então secretário de Justiça ao anunciar que o caso seria encerrado. "Como resultado, o FBI não deve reconquistar a confiança do público e do Congresso até que tenha um diretor que entenda a gravidade dos erros e se comprometa a nunca repeti-los", disse. A carta de Trump comunicando a Comey sua demissão, no entanto, sugere que a investigação que o diretor do FBI conduzia sobre a possível relação de membros de sua equipe com a Rússia possa ter influenciado a decisão. "Mesmo que eu aprecie muito o fato de você ter me informado, em três ocasiões distintas, que eu não estou sob investigação, eu concordo com a avaliação do Departamento da Justiça de que você não está apto a liderar efetivamente o birô (FBI)", escreveu Trump. O presidente ainda afirmou ser necessário encontrar um novo diretor para o FBI que "restaure a confiança pública" na sua "missão vital de aplicação da lei". Democratas demonstraram preocupação com o fato de Trump apontar o responsável por conduzir, a partir de agora, as investigações sobre possíveis ligações de seus assessores com o governo de Vladimir Putin, suspeito de interferir nas eleições americanas de 2016. O senador democrata Ron Wyden, membro do Comitê de Inteligência do Senado — que também investiga as relações da equipe de Trump com a Rússia —, disse que Comey deverá ser levado ao Congresso para revelar até onde tinham avançado as suas investigações sobre os assessores do republicano quando ele foi demitido.
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