A Polícia Federal encontrou um bloqueador de sinal telefônico e uma lista de indicações para cargos federais nas operações de busca e apreensão realizadas na semana passada na casa e no gabinete do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG). Os mandados foram expedidos pelo ministro Edson Fachin na Operação Patmos. No apartamento do senador, no Rio de Janeiro, foram apreendidos um bloqueador de telefone, 15 obras de arte, diversos documentos, entre os quais um papel azul com senhas, além de diversos “comprovantes de depósitos e anotações manuscritas, dentre elas a inscrição "cx 2". A polícia não deu detalhes da inscrição e anotações. Os relatórios das apreensões da Polícia Federal foram anexados na sexta-feira (26) ao inquérito no qual Aécio Neves é investigado no Supremo com base nas delações premiadas dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS. De acordo com os policiais, foram apreendidas no gabinete do senador planilhas que teriam nomes de indicados para cargos federais, com referência aos partidos que fizeram as indicações e à remuneração, além de uma agenda com marcação de reuniões com Joesley Batista e uma folha manuscrita com dados da empreiteira Odebrecht. Os celulares do senador também foram levados pelos policiais. Nos depoimentos de delação premiada, Joesley Batista afirma que pagou R$ 2 milhões a Aécio Neves e que a contrapartida seria a indicação para um cargo na Vale, que não se concretizou. Os executivos afirmam também que pagaram propina ao senador durante a campanha presidencial de 2014, com a expectativa de que ele atuaria a favor da empresa posteriormente, se fosse eleito presidente.
Na terça-feira (23), em vídeo publicado nas redes sociais, Aécio classificou de “injustificáveis” as operações que tiveram como alvo ele e sua família, resultando na prisão de sua irmã, Andrea Neves, e seu primo Frederico Pacheco.
“Eu reafirmo aqui, de forma definitiva: não cometi crime algum. Minha irmã Andrea não cometeu crime algum. Meu primo Frederico não cometeu crime algum. São pessoas de bem, que sofrem hoje com a injustiça das sanções que lhes foram impostas”, disse o senador.
Por meio de nota, o advogado do senador Aécio Neves, Alberto Zacharias Toron, disse lamentar "que citações sem qualquer informação real sobre a que se referem ou mesmo alguma contextualização que permita o seu devido esclarecimento estejam sendo divulgadas para a imprensa por agentes públicos envolvidos na investigação em curso".
"Ainda assim, asseguramos que uma eventual referência a CX 2 não significa qualquer indício de ilegalidade. O senador Aécio reitera que em toda sua vida pública, nas campanhas de que participou, agiu de acordo com o que determina a lei."
De acordo com o advogado, o senador está à disposição da Justiça para ser ouvido e esclarecer o que for necessário.
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