No depoimento prestado ao juiz Sérgio Moro nesta quarta-feira (10), o poderoso chefão da organização criminosa petista e ex-presidente Lula foi indagado sobre o motivo pelo qual, mesmo depois de lucrar R$ 7,5 milhões com palestras entre 2011 e 2013, o Instituto Lula concordou que a empreiteira OAS continuasse pagando por aluguel de espaço na transportadora Granero, a fim de armazenar os bens que o ex-presidente recebeu durante o seu mandato. A OAS pagava R$ 20 mil mensais, segundo o Ministério Público Federal. O ex-presidente respondeu: "Era porque talvez todo mundo no instituto achasse que tivesse certo e que não era preciso". "E ninguém nunca discutiu no Instituto de que era preciso pagar isso, a armazenagem. Estava tão tranquilo a questão do depósito do material...", complementou o petista. Lula disse que o responsável pelo Instituto Lula, Paulo Okamoto, poderia dar mais informações aos responsáveis pela Operação Lava Jato, e que partiu dele a iniciativa de procurar o executivo Léo Pinheiro, da OAS, para que a empreiteira bancasse o valor do armazenamento. Lula disse que no começo das atividades do Instituto Lula, em 2011, não havia dinheiro e que depois buscou-se uma "arrecadação" — o Ministério Público Federal não fez perguntas sobre o que seria a "arrecadação". "Nós não tínhamos dinheiro, porque não tínhamos nem começado a pensar em fazer a arrecadação. Por isso é que eu acho que foi conversado com o Léo Pinheiro", disse o ex-presidente. Lula também afirmou que não sabia a dimensão dos bens que havia recebido como presente durante os seus dois mandatos na Presidência. O petista disse que, se soubesse dos problemas futuros que enfrentaria por causa da guarda dos bens, teria deixado tudo no Palácio do Alvorada. "Eu nunca, nunca, entrei nos porões do Palácio do Alvorada para saber se tinha uma, duas ou mil caixas. Nunca, nunca entrei aonde se guardava os acervos da Presidência da República para saber se tinha uma ou duas caixas. Ora, eu sei que aquilo, eu sei que o acervo, é uma coisa privada mas de interesse público. Portanto o presidente da República que sai tem que ter a responsabilidade de tentar cuidar daquilo. Eu, se soubesse que ia dar isso, eu teria deixado lá no Palácio pro próximo presidente ter que cuidar. Como eu não tinha interesse por nada, eu poderia deixar... Sabe?" O ex-presidente afirmou não ter conhecimento sobre a forma pela qual a OAS fazia os pagamentos pelo aluguel do espaço de armazenagem. Ele disse que o tema foi tratado por Okamoto. "Não sei, não sei. Eu sei que o presidente do Instituto Lula, que foi uma das pessoas... Parece que a partir do começo de janeiro foi chamado para tentar encontrar um lugar para guardar essas coisas. O que ele disse aqui na Justiça Federal é que tinha chamado o Leo Pinheiro para perguntar se ele tinha algum galpão para guardar essas coisas". Lula também não soube explicar por que nas caixas havia inscrições de "praia". "Isso aqui devia estar no Palácio do Alvorada, como todo acervo, eram 11 contêineres de acervo, com tudo que é coisa boa e tranqueira. Quem pode responder o que está nessa caixa é quem foi investigar, é quem abriu as caixas. Eu nunca abri uma caixa, nunca visitei um acervo. O fato de estar escrito praia é que eu ia na praia quando era presidente. Não quer dizer nada".
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