sexta-feira, 19 de maio de 2017

Delator diz que Temer pediu R$ 1 milhão em dinheiro vivo


O ex-diretor do frigorífico JBS, o executivo corrupto confesso Ricardo Saud, afirmou, em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República, que o presidente Michel Temer pediu a entrega de 1 milhão de reais, em dinheiro vivo, em uma empresa do coronel aposentado João Baptista Lima. O militar, amigo de Temer, é um dos homens de confiança do presidente. O endereço do local, segundo o delator, foi repassado por Temer num bilhete para o executivo durante reunião ocorrida em São Paulo no auge das eleições de 2014. “O dinheiro era do PT. O PT deu para o presidente Temer para usar na campanha de vice. E assim foi feito e, não satisfeito, ainda guardou um milhão para ele no bolso”, diz o executivo corrupto Saud. De acordo com o delator, os recursos destinados a Temer faziam parte de um acerto feito entre o PT, PMDB e a JBS durante a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Naquela época, um grupo de senadores peemedebistas ameaçava apoiar o PSDB. Preocupado, o PT resolveu agir e topou repassar recursos da conta-propina que mantinha junto à JBS para conter a rebelião na base aliada. Quando Temer foi informado sobre o risco de senadores do PMDB apoiarem o PSDB, resolveu reassumir a presidência do partido – e então acertou que o PT repassaria 15 milhões de reais para distribuir entre os peemedebistas. O executivo corrupto Ricardo Saud detalhou como foi feito o rateio desse valor. Disse que 9 milhões de reais foram destinados ao diretório nacional do partido, 2 milhões serviram para bancar gastos da campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo com o marqueteiro Duda Mendonça, outros 3 milhões de reais foram repassados em espécie ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e 1 milhão de reais tiveram o próprio Temer como beneficiário. A parte referente a Temer, segundo o delator, foi entregue na sede da empresa Argeplan Arquitetura e Engenharia, cujo sócio é o coronel João Baptista Lima, amigo do presidente. O militar aposentado, dono de uma fazenda no interior de São Paulo frequentada há anos por Temer, foi alvo de um mandado de busca e apreensão na última quinta-feira, durante a Operação Patmos.

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