domingo, 21 de maio de 2017

Anexar áudio de Temer sem perícia foi inaceitável, dizem peritos da Polícia Federal

Em nota divulgada neste sábado (20), a APCF (Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais) considerou "inaceitável" que a Procuradoria Geral da República tenha anexado o áudio da conversa mantida entre o presidente Michel Temer e o delator Joesley Batista sem uma perícia técnica por peritos federais. Afirmou ainda que é "temerária" a homologação de acordos de delação premiada "sem a devida análise pericial". 
 

Antes de anexar o áudio ao pedido de abertura do inquérito no Supremo Tribunal Federal, acolhido pelo ministro Edson Fachin, a Procuradoria Geral da República submeteu o áudio ao setor técnico do órgão, mas não para uma perícia técnica completa na Polícia Federal. A associação recomendou "o envio imediato" do áudio e do equipamento usado na gravação para uma perícia completa no INC (Instituto Nacional de Criminalística). "Inaceitável que, tendo à disposição a perícia oficial da União, que possui os melhores especialistas forenses em evidências multimídia do País, não se tenha solicitado a necessária análise técnica no material divulgado, permitindo que um evento de grande importância criminal para o país venha a ser apresentado sem a qualificada comprovação científica", diz a APCF. A associação disse que, "ao se ouvir o áudio, percebe-se a presença de eventos acústicos que precisam passar por análise técnica, especializada e aprofundada, sem a qual não é possível emitir qualquer conclusão acerca da autenticidade da gravação". Desde que a gravação veio a público, na quinta-feira (18), surgiram dúvidas sobre a idoneidade do material, pois há sinais perceptíveis de interrupções na conversa. Um perito contratado pelo jornal Folha de S. Paulo apontou que houve "edição" no material. Outro perito, Ricardo Molina, que não fez um laudo sobre o tema, apontou a necessidade de se periciar também o aparelho utilizado na gravação. A Folha apurou que Joesley Batista não entregou o equipamento utilizado para a gravação. Segundo a revista "Época", ele teria utilizado um equipamento não detectável por aparelho de raio-x, pois tinha medo de ser flagrado na tentativa de gravar o presidente no Palácio do Jaburu. A Procuradoria Geral da República não enviou o áudio para a Polícia Federal porque considerava que essa era uma etapa posterior na investigação, depois de aberto o inquérito, e que eventuais dúvidas poderiam dirimidas ao longo da apuração.

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