Deputados estaduais deveriam receber até R$ 100 mil e ministros poderiam ganhar até R$ 4 milhões, relatou Armando Paschoal, ex-executivo da Odebrecht. Os pagamentos da Odebrecht seguiam o critério da relevância dos políticos. Tinha até hierarquia para definir os valores pagos a quem poderia atender interesses da construtora. No plano de carreira da propina, os políticos recebiam:
Deputados estaduais - R$ 50 mil a R$ 100 mil
Deputados federeais - até R$ 200 mil
Senhadores - até R$ 500 mil
Ministros - até R$ 4 milhões
As informações estão em delação feita por Armando Paschoal, ex-executivo da Odebrecht. Ele fez a maior parte das denúncias de pagamento de propina a políticos paulistas ao Ministério Público Federal em acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. "Os cargos em casas legislativas, fossem deputado estadual ou federal, a gente tinha uma autonomia razoável dentro de determinados valores. Era como se houvesse uma tabela em função da hierarquia. Um deputado federal podia contribuir naquela época com até R$ 200 mil. E deputado estadual, até R$ 100 mil, R$ 50", disse Paschoal. "É, tabela sim, e com uma certa lógica, eu acho. Porque obviamente uma campanha de deputado federal precisa de muito mais votos. Demanda braços maiores... E deputado estadual, braços menores", completou o delator. As quantias serviam de referência para uma largada, um valor inicial a ser repassado em uma campanha só. Teve gente que recebeumuito mais, porque se beneficiou de repasses em campanhas seguidas. Ou porque recebeu por atuação específica defendendo os interesses da Odebrecht: em obras, no congresso nacional e no governo. O delator Armando Paschoal disse que o candidato a deputado federal, Rodrigo Garcia (DEM-SP), recebeu via caixa dois o valor máximo, em 2010. "Daí, eu procurei, marquei uma hora, fui lá no diretório, conversei pessoalmente com ele. Definimos a doação, praticamente padrão de deputado federal daquele ano, que foi R$ 200 mil", recordou Paschoal. À Justiça Eleitoral, Rodrigo Garcia declarou ter recebido R$ 20 mil da Odebrecht. Mesmo com o padrão da tabela, teve quem reclamasse. Segundo o delator, o empresário Marcio Toledo, marido de Marta Suplicy, não achou suficiente o dinheiro recebido via caixa dois na campanha ao Senado em 2010. "Contatava o Márcio pra dar o feedback. Depois pra fazer a programação. Dessa vez do ok, ele me chamou pra conversar pessoalmente. E manifestou grande descontentamento. Que era uma desconsideração porque, afinal, tinha sido prefeita de são Paulo. Que era uma pessoa importante. Não ficou satisfeito com os R$ 500 mil. E o tempo todo, até o final, a campanha reclamou muito", disse Paschoal. Na prestação de contas, Marta Suplicy não declarou doações da Odebrecht. A senadora declarou que as declarações são faltas e que ela sempre se baseou nos princípios éticos. Os delatores revelaram que a construtura calibrava os pagamentos, a partir de uma análise de cenários. Políticos promissores recebiam o teto para o cargo que ocupavam. Políticos cujo potencial ainda estava sendo avaliado recebiam um pouco menos. Hilberto Mascarenhas, que comandava o setor de propinas, sugeriu gestão de resultados. "Propus a Marcelo [Odebretch] fazer um acompanhamento. Pra cada centavo que foi dado pra cada político, ver o que era que aquele político fez nos quatro anos seguintes pra ajudar a empresa. Se ele deu um voto na câmara, certo. na camara federal ou camara estadual, entendeu?", disse Mascarenhas.
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