Enquanto negocia um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal no âmbito da Operação Lava Jato, o ex-diretor de Serviços da Petrobras, o petista Renato Duque informou ao juiz federal Sergio Moro nesta quinta-feira que vai, enfim, falar ao magistrado em um depoimento. Preso desde fevereiro de 2015 e já condenado a 57 anos e sete meses anos de prisão por Moro em quatro processos, Duque permaneceu calado em todas as oitivas a que compareceu. Ele falará ao juiz como réu na ação penal que tem entre os acusados o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, o "porquinho" petista Antonio Palocci, o marqueteiro baiano João Santana e o empreiteiro Marcelo Odebrecht e outras 11 pessoas. No ofício encaminhado hoje a Moro, assinado pelos advogados Antonio Figueiredo Basto, Maria Francisca Nedeff Santos e Luiz Gustavo Rodrigues Flores, além do próprio Duque, o ex-diretor da Petrobras afirma que “de forma espontânea e sem quaisquer reservas mentais, pretende exercer o direito de colaborar com a Justiça nos temos do artigo 1º parágrafo 5º da Lei 9.613/98, para tanto requer seja designado por V. Exª data para que seja submetido a novo interrogatório”. Em seu depoimento anterior nesta ação penal, no último dia 17, Renato Duque disse ao magistrado que reiterava sua intenção de colaborar com a Justiça, mas que naquele momento ficaria calado. “Nesse processo em particular tem diversas questões que eu poderia esclarecer, mesmo considerando que a condução desse processo não foi responsabilidade da área de serviços da Petrobras”, afirmou. Neste processo, o ex-diretor da Petrobras é acusado pela força-tarefa da Lava Jato de ter participado do desvio de ao menos 128 milhões de reais de contratos da Odebrecht com a estatal entre 2008 e 2013. O dinheiro foi destinado, segundo os investigadores, ao Partido dos Trabalhadores e a Palocci, o “Italiano”, e custeou os serviços prestados por João Santana ao PT na campanha presidencial de 2010. Funcionário de carreira da Petrobras, onde ingressou em 1978 como engenheiro, o petista Renato Duque foi nomeado diretor da estatal em 2003, indicado pelo então ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, do PT. Ele foi preso pela primeira vez na sétima fase da Operação Lava Jato, em novembro de 2014, e passou 20 dias na cadeia. Libertado em dezembro, Duque voltou a ser preso em fevereiro de 2015, na 10ª fase da Lava Jato, batizada de “Que País é Esse?”, uma referência à expressão usada pelo ex-diretor da Petrobras ao saber de sua primeira prisão. Segundo as declarações do também ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Youssef, à Justiça, Duque operava um esquema criminoso de financiamento que drenava 3% dos valores dos contratos de sua área para o PT. Disse Costa em seu depoimento: “Olha, em relação à Diretoria de Serviços, era, todos, todos sabiam, que tinham um percentual desses contratos da área de Abastecimento, dos 3%, 2% eram para atender ao PT. Através da Diretoria de Serviços. Outras diretorias como gás e energia, e como exploração e produção, também eram PT, então você tinha PT na Diretoria de Exploração e Produção, PT na Diretoria de Gás e Energia e PT na área de serviço. Então, o comentário que pautava lá dentro da companhia é que, nesse caso, os 3% ficavam diretamente para, diretamente para o PT”.
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