O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou na quinta-feira (6) que 39 amostras de produtos dos 21 frigoríficos investigados na Operação Carne Fraca apresentaram problemas de ordem econômica ou de saúde pública. A força-tarefa do ministério analisou 302 amostras de diferentes lotes e marcas, em uma auditoria independente da investigação da Polícia Federal. Do total de amostras analisadas, oito apresentaram problemas de saúde pública. Sete laudos de análises de hambúrgueres continham a bactéria salmonella, vindos de três lotes diferentes da marca Novilho Nobre, do frigorífico Transmeat. Já na linguiça cozida do frigorífico FrigoSantos, de Campo Magro (PR), foi encontrada presença da bactéria Staphylococcus coagulase positiva. Todos os produtos que podem causar problemas de saúde pública serão descartados, informou o secretário executivo do ministério, Eumar Novacki, pois não servem para nenhum tipo de subproduto. A presença dessas bactérias pode causar problemas como diarréia e vômito. Além disso, 31 amostras apresentaram problemas de ordem econômica, como não observância de critérios técnicos ou fraude dolosa, mas que não colocam em risco a saúde dos consumidores, acrescentou Novacki. Entre as amostras estavam lotes de embutidos que continham excesso de amido e ácido sórbico, um conservante proibido em linguiças e salsichas, produzidas pelos frigoríficos Souza Ramos, de Colombo (PR), e Peccin. Já nos produtos dos frigoríficos BRF, de Mineiros (GO), e Frango DM, de Arapongas (PR), foi encontrado excesso de água no frango. De acordo com Novacki, todos os produtos já foram recolhidos, e as unidades estão passando por inspeções técnicas. A lista dos frigoríficos auditados está disponível no site do Ministério da Agricultura. O secretário executivo explicou que os consumidores devem ficar atentos ao número do Serviço de Inspeção Federal (SIF) dos produtos, que é a melhor forma de identificar as marcas que apresentaram problema. Segundo Novacki, o ministério já iniciou os procedimentos para cancelamento do selo do Serviço de Inspeção Federal (ISIF) dos frigoríficos Peccin (SIF 825), de Jaraguá do Sul (SC); Peccin (SIF 2155), de Curitiba (PR); e Central de Carnes (SIF 3796), de Colombo (PR). Todas essas unidades já estão interditadas e outros frigoríficos podem ter o registro cassado à medida que as investigações avancem. “Todos, pequenos, médios ou grandes, terão que pagar pelos erros detectados, e o ministério vai agir de modo muito duro". A Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, foi deflagrada no dia 17 de março para apurar suspeitas de irregularidades na produção de carne processada e derivados, bem como na fiscalização do setor. Dias depois, o Ministério da Agricultura anunciou a suspensão da licença de exportação das 21 plantas de frigoríficos sob investigação na operação. Hoje Novacki informou que três desses frigoríficos já foram liberados para exportação, pois não apresentaram irregularidades: Breyer & Cia, de União da Vitória (PR); Argus, de São José dos Pinhais (PR); e Madero, de Ponta Grossa (PR). O restante continua com restrições nas exportações. Ele explicou, entretanto, que a Polícia Federal continua investigando as unidades e que poderão ser constatados novos problemas. O secretário executivo disse ainda que a pasta está antecipando o calendário de auditoria nas unidades de fiscalização dos estados. “Que essa auditoria nos dê a situação de como estão funcionando o serviço de inspeção em cada estado. E não está descartada a troca de superintendentes”, disse ele, explicando que as equipes de fiscalização também sofrerão rodízio, com troca de posições técnicas. Já estão sendo realizadas ações em Pernambuco, na Bahia, no Tocantins, no Rio de Janeiro, em Santa Catarina e em São Paulo. Em nota à imprensa, o frigorífico BRF informou que obteve resultados divergentes no controle que é realizado diariamente dentro da unidade de Mineiros. Segundo a empresa, existem inúmeras variáveis que podem interferir nos resultados de Drip Tests (testes que medem o teor de água no descongelamento de carcaças de frango), tais como condições de transporte e acondicionamento do produto, assim como questões fisiológicas. “A BRF já solicitou contraprova junto ao Mapa e está realizando uma verificação rigorosa nos seus controles de processo na fábrica e centros de distribuição. Até uma resposta definitiva, os produtos permanecerão retidos, apesar da inexistência de riscos à saúde do consumidor”, informou o frigorífico.
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