Apesar de ressaltar que, em curto prazo, o foco da empresa alemã Fraport será estabilizar a operação do aeroporto Salgado Filho e atrair mais cargas para o complexo, o embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel, afirmou em almoço na Câmara Brasil-Alemanha, no Hotel Plaza São Rafael, esta semana, que a instalação da companhia em Porto Alegre abre a possibilidade para o incremento do transporte aéreo. O dirigente espera um incremento do número de vôos internacionais para países como Uruguai e Argentina, além da retomada das viagens para os Estados Unidos, mais frequências de vôos para a Europa, hoje realizados pela TAP, assim como novos destinos como, talvez, o México e a China. Atualmente, quanto aos lugares e procedências internacionais com ligação com o Salgado Filho, há vôos para Montevidéu, Lisboa, Panamá, Buenos Aires e Lima. As operações diretamente para Miami, nos Estados Unidos, foram interrompidas em março de 2016. A Fraport venceu recentemente o leilão pela concessão do aeroporto gaúcho e a contrapartida em investimentos prevista é de pelo menos R$ 1,9 bilhão que contempla, entre outros pontos, a ampliação da pista. Só que não devem ter contado para os alemães da Fraport, e nem seus dirigentes para os seus acionistas, que há obstáculos quase intransponíveis para que seja realizado o projeto de ampliação da pista. Ocorre que o terreno na cabeceira da pista do Aeroporto Salgado Filho é um aterro de lixo, com resíduos empilhados até quase seis metros de altura. Seria necessária a remoção de alguns milhões de toneladas de lixo para a realização dos trabalhos de ampliação da pista. Sem conta o fato de que a legislação aeronáutica brasileira proíbe a existência de lixões ou aterros de lixo nas cabeceiras das pistas dos aeroportos nacionais. Conforme Witschel, desde 2014 vem diminuindo o fluxo de passageiros entre o Brasil e outras nações e um aumento de vôos dependerá do interesse das companhias aéreas. Porém, a perspectiva é de que o tráfego aéreo crescerá com a recuperação da economia brasileira. "Depois de uma crise profunda, nós vemos as primeiras flores da primavera, os primeiros sinais de uma recuperação econômica", frisa o dirigente. O embaixador acrescenta que, com esse cenário, vêm as indicações de mais investimentos alemães no País. Um deles é justamente o da Fraport. Witschel ressalta que se trata de uma oportunidade para não somente reformar o aeroporto, mas para estabelecer um centro de cargas aéreas e reduzir o custo de exportações a partir da região. O embaixador reforça que os dados apresentados no momento quanto à economia nacional são melhores do que nos últimos três anos. O dirigente destaca a estimativa de aumento de Produto Interno Bruto (PIB), redução dos juros, investimentos vindos do Exterior e inflação baixa. Para o Brasil, Witschel trabalha com o cálculo de elevação de 0,5% do PIB para este ano. Mesmo que esse percentual não seja alcançado devido a algum escândalo, como o caso investigado pela Operação Carne Fraca, argumenta Witschel, a percepção é de que a retração da economia chegou ao fim. Contudo, Witschel admite que, politicamente, o País atravessa ainda uma fase de tensões e mudanças e que, sem os esclarecimentos dos episódios corrupção, o crescimento não será sustentável. A Alemanha projeta crescimento econômico A expectativa é de que o PIB alemão obtenha um incremento de 1,4% em 2017, em relação ao ano passado, adianta o embaixador Georg Witschel. O dirigente enfatiza que a Alemanha possui uma economia robusta e pode ser vista como uma âncora de estabilidade econômica e política do mundo. Sobre a relação com outra potência, os Estados Unidos, o embaixador menciona que o presidente Donald Trump pode ser uma dor de cabeça, mas também é um parceiro importante. "Queremos trabalhar com ele, não contra ele", pondera. A crítica fica por conta das elevadas taxas aduaneiras norte-americanas impostas às empresas alemãs que atuam no setor do aço. Witschel foi o palestrante da reunião-almoço da Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul promovida no hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre. O convidado arrancou algumas risadas do público de empresários quando comentou que há cerca de três semanas encontrou-se com o prefeito de São Paulo, João Doria Jr. (PSDB), que comunicou a intenção de introduzir uma Oktoberfest na capital paulista. Essa é a segunda vez que o embaixador visita o Rio Grande do Sul, a primeira ocorreu em novembro. Witschel reforça que o Sul representa a raiz histórica da relação Brasil e Alemanha, registrando uma forte presença de companhias alemãs.
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