Os repasses feitos pela Odebrecht à deputada federal Yeda Crusius (PSDB-RS), ex-governadora do Rio Grande do Sul, que serão investigados após autorização do Supremo Tribunal Federal, tiveram o ex-marido dela, Carlos Crusius, como intermediário. Foi o que afirmou o ex-diretor da empresa, o executivo delator propineiro Alexandrino de Alencar, em delação feita à Polícia Federal durante a Operação Lava Jato. O delator Walter Lana acrescentou que parte dos repasses foi feita por um doleiro. O nome de Yeda Crusius consta na lista do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, que solicita investigação pela Procuradoria-Geral da República a partir de delações de ex-executivos da Odebrecht.
De acordo com as delações, Yeda Crusius recebeu doações que somam R$ 1,75 milhão, para as campanhas eleitorais de 2006, quando foi eleita governadora, e 2010, quando perdeu a disputa pela reeleição para o peremptório petista e poeta de mão cheia e tenente artilheiro Tarso Genro. Deste total, R$ 950 mil foram pagos via caixa dois pelo setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, conhecido como "departamento da propina". De acordo com a delação de Alexandrino Alencar, o ex-marido Carlos Crusius ainda intermediou as conversas com a empreiteira durante os quatro anos em que Yeda Crusius ficou no Palácio Piratini. "Constantemente nós tínhamos reuniões com Carlos Crusius, ao longo dos quatro anos de governo da governadora. Criou uma dinâmica de conversas, de ajudas futuras e de cobranças passadas", explicou o delator propineiro Alexandrino Alencar. O diretor da empreiteira conta que encontrava Carlos Crusius em hotéis de Porto Alegre. Ele garante, no entanto, que a ex-governadora sabia sobre os acordos firmados pelo ex-marido com a empreiteira, e era ela quem assinava. "Uma característica dela é a personalidade forte. Ela realmente exerce a função. Era necessário ter um acordo dela para que tudo andasse", diz o delator. O delator
propineiro Alexandrino Alencar deixou claro que as doações eram acompanhadas de pedidos de "contrapartida em eventos futuros", e disse que, no pleito de 2010, a ex-governadora recebeu valores "diferenciados" devido à "atenção especial" que dava ao setor petroquímico. A contrapartida solicitada pela empresa era a concessão de benefícios fiscais, principalmente em relação ao ICMS. De acordo com o depoimento de Walter Lana, executivo da Odebrecht responsável pelo Sul do País, um doleiro conhecido como "Tonico" fazia os repasses. O dinheiro era fornecido pelo setor de Operações Estruturadas da empreiteira. "Foram realizados dois pagamentos em agosto e setembro, de R$ 550 mil em espécie, com auxílio do doleiro Tonico em Porto Alegre", disse Lana durante a delação.
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