sexta-feira, 17 de março de 2017

Polícia Federal prende ao menos 20 funcionários públicos envolvidos na Operação Carne Fraca

Ao menos 20 funcionários públicos foram presos pela Polícia Federal nesta sexta-feira (17) suspeitos de envolvimento na Operação Carne Fraca, que investiga a venda ilegal de carnes. Foram emitidos 38 mandados de prisão - 34 contra funcionários públicos. A operação apura o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos. Também foram presos executivos de grandes grupos frigoríficos, como o gerente de Relações Institucionais e Governamentais da BRF Brasil, Roney Nogueira dos Santos; o diretor da BRF André Luiz Baldissera; e o funcionário da Seara, empresa da JBS, Flávio Evers Cassou. O dono do frigorífico Larissa, Paulo Rogério Sposito, também foi preso. A operação foi deflagrada no início da manhã desta sexta-feira, mas até as 15 horas a Polícia Federal ainda não havia detalhado quem e quantos são os presos. As autoridades também não detalharam quais empresas cometeram as irregularidades citadas. Além dos 38 mandados de prisão - 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária - foram emitidos 77 mandados de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão. As ordens judiciais são cumpridas em São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás. Foram investigadas grandes empresas do setor, como a BRF Brasil, que controla marcas como Sadia e Perdigão, e também a JBS, que detém Friboi, Seara, Swift, entre outras marcas. Também há envolvimento, segundo a Polícia Fedeeeral, de frigoríficos menores, como Mastercarnes, Souza Ramos e Peccin, do Paraná, e Larissa, que tem unidades no Paraná e em São Paulo. Veja as empresas que são alvo de busca e apreensão na operação Carne Fraca:
- Big Frango Indústria e Com. de Alimentos Ltda. 
- BRF - Brasil Foods S.A.
- Dagranja Agroindustrial Ltda./Dagranja S/A Agroindustrial
- E.H. Constantino
- Frango a Gosto
- Frigobeto Frigoríficos e Comércio de Alimentos Ltda.
- Frigomax - Frigorífico e Comércio de Carnes Ltda. 
- Frigorífico 3D
-Frigorífico Argus Ltda. 
- Frigorífico Larissa Ltda.
- Frigorífico Oregon S.A.
- Frigorífico Rainha da Paz
- Frigorífico Souza Ramos Ltda.
- JBS S/A
- Mastercarnes
- Novilho Nobre Indústria e Comércio de Carnes Ltda. 
- Peccin Agroindustrial Ltda./Italli Alimentos
- Primor Beef - JJZ Alimentos S.A.
- Seara Alimentos Ltda.
- Unifrangos Agroindustrial S.A./Companhia Internacional de Logística
- Breyer e Cia Ltda.
- Fábrica de Farinha de Carne Castro Ltda. EPP
Segundo a Polícia Federal, os frigoríficos investigados usavam produtos químicos para “maquiar” carne vencida, injetavam água para aumentar o peso dos produtos e, em alguns casos, foi constatada ainda falta de proteína na carne. A Polícia Federal, no entanto, não detalhou ainda em quais empresas foram encontradas as irregularidades. 


Em nota, a JBS admitiu que três de suas fábricas foram alvo da operação, mas repudiou a adulteração de produtos e afirmou que a empresa e suas subsidiárias "atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no País e no Exterior e apóia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas", diz a nota. Em nota enviada ao mercado, a BRF informou que está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. "A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua". A Central de Carnes Paranaense, dona das marcas Master Carnes, Souza Ramos e Novilho Nobre, esclareceu em nota que recebeu a visita dos policiais, mas que nenhum de seus funcionários foi detido. A empresa disse que está colaborando com as investigações, que classifica como "de suma importância para uma concorrência leal do mercado" e que está comprometida "com a verdade e com a ética". Em dois anos de investigação, detectou-se que funcionários de superintendências regionais de Paraná, Minas Gerais e Goiás recebiam propina para facilitar a produção dos alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva. Em sua decisão, o juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, diz que o envolvimento do Ministério da Agricultura é "estarrecedor". "O ministério foi tomado de assalto – em ambos os sentidos da palavra – por um grupo de indivíduos que traem reiteradamente a obrigação de efetivamente servir à coletividade", afirmou. Gravações telefônicas obtidas pela Polícia Federal apontam que vários frigoríficos do País vendiam carne vencida tanto no Brasil quanto no Exterior. O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, é citado na investigação. Em conversa grampeada quando ele ainda era deputado federal, Serraglio chama o ex-superintendente regional no Paraná do Ministério da Agricultura, Daniel Gonçalves Filho, de “grande chefe”. Segundo a Polícia Federal, a investigação apontou que parte da propina recebida pelas superintendências ia para o PMDB e o PP. 

Um comentário:

Antonio Roberto Vigne disse...

Como fazer um vazio, uma ripa e um típico churrasco gaúcho com carne de segunda nos dias de corrupção do Brasil! https://www.youtube.com/watch?v=rKF4ZrJfDK8