O ministro da Cultura, Roberto Freire, rebateu, nesta sexta-feira (17), as críticas do escritor paulista Raduan Nassar ao governo do presidente Michel Temer. “Quem dá prêmio a adversário político não é a ditadura”, disse Freire ao escritor, que, ao receber o Prêmio Camões de Literatura, classificou o governo de opressor. Na cerimônia, realizada em São Paulo, Raduan Nassar, de 81 anos, afirmou que o Brasil vive "tempos sombrios" e criticou também o Supremo Tribunal Federal e a indicação do ministro licenciado da Justiça e Segurança Pública, Alexandre de Moraes, para uma vaga nesta Corte. Segundo Freire, manifestações críticas são próprias da democracia, e só os mais velhos realmente sabem o que foi viver durante o regime militar: "Que os jovens critiquem hoje, não há perplexidade, mas quem dá prêmio ao adversário não é representante da ditadura". Instituído em 1988, o Prêmio Camões de Literatura é dado anualmente a um escritor de língua portuguesa que, pelo conjunto da obra, tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural dos países lusófonos. O prêmio, no valor de 100 mil euros, é concedido pelos governos do Brasil e de Portugal. Autor dos romances "Lavoura Arcaica" e "Um Copo de Cólera" e de alguns contos, Raduan Nassar é o décimo segundo escritor brasileiro a receber o Prêmio Camões. Antes dele, foram escolhidos Alberto da Costa e Silva, Dalton Trevisan, Ferreira Gullar, João Ubaldo Ribeiro, Lygia Fagundes Telles, Rubem Fonseca, Autran Dourado, Antonio Cândido, Jorge Amado, Rachel de Queiroz e João Cabral de Melo Neto. (AB)
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