terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Polícia Federal diz que restaurante japonês lavava dinheiro para Sérgio Cabral e sua mulher, a "Riqueza", Adriana Ancelmo


A cadeia de restaurantes japoneses Manekineko está na mira de investigadores da Operação Calicute sob suspeita de ter participado da rede de lavagem de dinheiro usada, segundo o Ministério Público Federal, pelo ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e sua mulher, a advogada Adriana Ancelmo, que ele chama de "Riqueza". A empresa fez, em 2014 e 2015, transferências milionárias para o escritório de advocacia da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, acusado de ser o responsável por lavar parte da propina. Em outra ponta, relatório do Coaf detectou que sócios e funcionários do restaurante foram beneficiários de depósitos em dinheiro feitos por uma das secretárias da ex-primeira-dama. Se confirmado, não seria o primeiro caso de uso de uma empresa conhecida no Rio de Janeiro para dar aparência legal aos recursos. Dono de franquias do curso de inglês Brasas e de boliche na Barra da Tijuca, o empresário John O'Donnel já reconheceu à Polícia Federal que emitiu notas fiscais frias que foram usadas para "esquentar" dinheiro de um dos operadores de Sérgio Cabral. A rede Manekineko tem seis restaurantes no Rio de Janeiro, sendo três na zona sul. O nome faz referência à figura oriental de um gatinho que acena, símbolo de prosperidade. Sérgio Cabral e a sua mulher "Riqueza" estão presos sob acusação de participarem de uma quadrilha que cobrava até 6% de propina sobre contratos de obras do Estado. Relatório da Receita Federal afirma que em 2014 o Manekineko transferiu R$ 1 milhão para a banca da ex-primeira-dama. No ano seguinte, o escritório declarou ter recebido outros R$ 2,3 milhões da rede de restaurantes. Os R$ 3,3 milhões colocam o Manekineko como uma das principais fontes de pagamento ao escritório, acima de empresas de grande porte como EBX, Metrô Rio e Braskem - todas citadas em relatório do Ministério Público Fedderal como possíveis fontes de propina. O restaurante voltou ao radar dos investigadores ao aparecer em relatório do Coaf como destino de depósitos em dinheiro feito por Michelle Tomaz Pinto, gerente financeira do escritório de advocacia de Adriana Ancelmo. De acordo com o documento do órgão da Fazenda, funcionários ou sócios da rede de restaurantes foram beneficiários de R$ 100 mil dos depósitos feitos em 2015. Investigadores querem saber a razão dos pagamentos e em qual volume ele de fato ocorreu. Pinto afirmou em depoimento que Luiz Carlos Bezerra, apontado pela Procuradoria como operador da propina de Sérgio Cabral obtida em obras públicas, levava dinheiro vivo numa mochila para o escritório da ex-primeira-dama. 

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