A possibilidade de privatizar o Banrisul não foi comentada na primeira reunião entre o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o governador José Ivo Sartori. Na terça-feira, em Brasília, eles iniciaram as tratativas do socorro financeiro ao Estado. A negociação ainda não chegou ao ponto de indicar quais estatais o Piratini colocará à disposição da União para garantir um reforço extra no caixa. A eventual venda do Banrisul foi noticiada pelo jornal Valor Econômico. Mas, a equipe econômica do governo federal não coloca o banco como condicionante para fechar o acordo com o Rio Grande do Sul. O assunto pode aparecer nas próximas semanas, mas não está na mesa. Fontes do Tesouro Nacional garantem que a discussão do socorro está em fase inicial, com a troca de documentos entre as partes. No momento, o Tesouro Nacional faz um pente-fino na situação financeira do Estado. O órgão checa se o déficit apresentado pelo Piratini bate com dados da União e realiza projeções de receitas e despesas. Concluído o diagnóstico, será a vez de formatar o ajuste. Sartori já foi avisado por Meirelles que o tamanho da ajuda será proporcional ao valor de mercado dos ativos que ele pretende repassar à União para privatização posterior. Além do Banrisul, a Corsan desperta interesse em Brasília. Segundo participantes da reunião de terça-feira, o encontro tratou da recuperação fiscal de forma "genérica". Além de Sartori e Meirelles, estavam na mesa o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, e o secretário da Fazenda, Giovani Feltes. Na conversa, Meirelles fez um relato da negociação do socorro ao Rio de Janeiro, que inclui a venda da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). A estatal e a antecipação de royalties do petróleo garantirão recursos extras ao Rio, além da carência de 36 meses no pagamento da dívida com a União. Sartori, por sua vez, descreveu seu ajuste fiscal, explicou os projetos já aprovados na Assembleia e o que ainda precisa ser votado, como o fim da exigência de plebiscito para privatizar a CRM, Sulgás e CEEE. Ao final da reunião, o governador negou categoricamente, diante dos repórteres, a chance de vender o Banrisul. Sua posição é conhecida no Palácio do Planalto. Entre técnicos da Fazenda, corre a avaliação de que, sem o Banrisul, a ajuda será insuficiente para equilibrar as contas do Piratini. Assessores políticos do governo federal, que acompanham a negociação, não descartam a discussão a fundo da privatização do banco. Apenas a carência no pagamento da dívida não será suficiente para garantir salários de servidores em dia.
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