O futuro secretário de Estado americano, Rex Tillerson, anunciou seu desligamento da petroleira ExxonMobil, da qual era executivo-chefe desde 2006, e colocou os dividendos de suas ações na companhia em gestão independente. Pelo acordo, anunciado no dia 3, ele colocará 2 milhões de ações em um fideicomisso (mecanismo de cessão temporária de bens) administrado por terceiros e se comprometeu a vender mais outros 600 mil papéis da ExxonMobil que possui atualmente.
Tillerson também abrirá mão de US$ 4,1 milhões (R$ 13,2 milhões) e de outros benefícios que deveria receber nos próximos três anos e se comprometeu com a proibição de não trabalhar no setor de petróleo e gás até 2027. O período também será o mesmo para que ele resgate o dinheiro do fideicomisso. Caso ele decida trabalhar em uma petroleira, todos os dividendos das ações administradas por terceiros serão doados a uma instituição de caridade. Antes de ser indicado pelo presidente Donald Trump, Rex Tillerson se aposentaria em março, ao completar 65 anos, por regras da petroleira. Se ficasse na empresa, receberia US$ 7 milhões (R$ 22,5 milhões) de compensação. Segundo a ExxonMobil, o acordo entre a companhia e o futuro secretário foi feito com ajuda de agentes federais de ética para se ajustar aos requerimentos da legislação americana sobre conflito de interesses. O ex-executivo-chefe deixou o cargo no último dia 31, após 40 anos na empresa. Em dez anos controlou a empresa em um período turbulento, mas ampliando a atuação em países como Rússia e Brasil. A boa relação com Moscou, desenvolvida no comando da petroleira, foi um dos motivos para que ele fosse escolhido por Trump para chefiar a diplomacia, e também uma das razões das críticas feitas pela oposição democrata. No dia 4, ele recebeu o apoio dos republicanos nas primeiras reuniões para confirmar sua nomeação pelo Senado, mas os democratas pediram informações sobre sua experiência e o risco de conflito de interesses. De acordo com o líder da futura oposição na Comissão de Relações Exteriores da Casa, Ben Cardin, a relação com a Rússia e as sanções ao governo do presidente Vladimir Putin foram alguns dos temas discutidos na reunião. O democrata, porém, disse que o futuro secretário apóia o acordo contra as mudanças climáticas, que parte do novo governo quer derrubar. "Ele deixou claro seu conhecimento e disse que acreditava na ciência", disse Cardin. "Acho que muitas pessoas vão perceber quando virem Tillerson na apresentação é que ele é muito ligado à principal corrente de pensamento da política externa americana", disse o senador republicano Bob Corker.
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