Pela primeira vez, a dívida bruta do governo federal rompeu a barreira dos 70% do PIB, em novembro. O indicador se comportou de maneira praticamente estável entre 2006, quando estava na faixa de 55,5%, e 2014, quando fechou até em nível inferior, de 52,8%. Chegou a ameaçar cruzar a fronteira dos 60% no difícil 2009, quando terminou em 59,2%. Mas disparou, mesmo, ao longo de 2015.
A relação dívida/PIB, usual forma de medir o tamanho do problema de endividamento público, cresceu sete pontos percentuais no ano passado e, neste ano, até novembro, mais quatro. E exatamente por ser medida por meio da relação com o PIB, a disparada da dívida tem dois motores. Um é a necessidade de emissão de títulos (aumento direto no endividamento) para cobrir o gigantesco déficit estimado em R$ 167 bilhões neste ano – e ainda tem quem festeje o fato de ter ficado abaixo da "meta" de R$ 170,5 bilhões. Outro é a queda do PIB nos últimos dois anos, que reduz o parâmetro de comparação, logo infla o indicador. A recessão acumulada entre 2015 e 2016 deve resultar em um mergulho superior a 8%. É sobre esse PIB encolhido que cresce a proporção da dívida. A projeção é de que a próxima fronteira será a dos 80%.
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